App da Protecção Civil da Madeira avisa sobre incêndios e acelera socorro às vítimas
Aplicação para dispositivos móveis tem pouco mais de um ano, e os responsáveis regionais garantem que tem tornado as respostas de emergência mais eficientes.
Pouco mais de um ano e perto de nove mil downloads depois, o Serviço Regional de Protecção Civil da Madeira (SRPCM) já não passa sem o ProCiv Madeira. A aplicação para smartphones, que tem reduzido o tempo de socorro e ajudado os utilizadores a encurtar distâncias para os principais serviços de saúde e emergência, foi lançada em Abril do ano passado e actualizada em Maio último.
“Esta aplicação surgiu da necessidade de traduzir um socorro mais eficaz e eficiente”, resumiu o capitão José Dias, presidente da SRPCM, durante a apresentação da nova app, explicando que situações de emergência, como operações de resgate em montanha, que anteriormente prolongavam-se por largas horas, são agora muito mais rápidas.
Entre as várias funcionalidades da ProCiv Madeira, está a geolocalização. Assim, sempre que a chamada para o 112 é feita através da app, a Protecção Civil consegue saber o local exacto do pedido de socorro. Esta informação é especialmente útil numa região em que anualmente perto de uma centena de turistas perdem-se ou sofrem acidentes na montanha, e na hora de pedir socorro sentem dificuldades em identificar o local onde estão. E é igualmente importante, nos casos em que por algum motivo a vítima, mesmo sendo local, não consiga pormenorizar a sua localização.
A ProCiv Madeira, desenvolvida por uma start-up madeirense, a Dobsware, tem impressionado as autoridades nacionais ligadas à Protecção Civil, que têm procurado saber mais sobre esta aplicação para dispositivos móveis. O interesse incide no sistema de alertas automático que a app disponibiliza, mesmo sem estar em execução, e nas funcionalidades ligadas aos incêndios florestais. “Sabemos da existência de alguns contactos entre a Protecção Civil nacional e o serviço regional, mas até agora não houve nada oficial”, diz ao PÚBLICO, David Olim, CEO da Dobsware.
Disponível para os sistemas IOS (Apple) e Androide (Google), em inglês, francês e alemão para além, claro, de português, a aplicação permite contactar directamente os serviços de emergência directamente do menu inicial. Logo aí, é feita a primeira triagem com o pedido de ajuda a poder ser identificado numa categoria mais específica: incêndio, ambulância, caminhadas ou geral.
A aplicação pode ainda fornecer dados adicionais aos serviços do 112, pois permite a criação de um perfil de cada utilizador, com informações que vão desde as mais genéricas como a idade e os contactos pessoais e de emergência, a detalhes mais específicos como o grupo sanguíneo, doenças conhecidas, alergias e medicação regular.
“Se o perfil médico estiver preenchido, quando o utilizador contactar os serviços de emergência através da app, além de indicar a sua localização está a adiantar um conjunto de informações relevantes”, indica David Olim, explicando que a “preocupação” da Dobsware foi reunir o máximo de informação útil que existe de forma dispersa.
Assim, com a app instalada o utilizador passa a receber os alertas emitidos pelo SRPCM e pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) que sejam relevantes para a aérea geográfica onde se encontra. Tem acesso a boletins informativos sobre a situação operacional nesse momento, indicações de estradas encerradas e percursos alternativos, além de contactos e direcções para farmácias, postos florestais, centros de saúde ou hospitais, forças policiais e bombeiros, e até para o local onde está o desfibrador automático externo mais próximo.
O número elevado de descargas da ProCiv Madeira em países como a Alemanha ou Inglaterra, dois tradicionais mercados emissores de turismo para a ilha, mostram a importância que quem visita a Madeira dá a esta aplicação. “Este tipo de programa existe noutras regiões da Europa, e os turistas valorizam estas informações, tanto que chegam à Madeira já com a app instalada”, observa David Olim, dizendo que a Dobsware analisou aplicações semelhantes quando estava a trabalhar na ProCiv Madeira.
Uma delas foi a Prociv Azores, que começou a funcionar em Março de 2016. Foi pioneira no país, e apresenta algumas especificidades próprias do arquipélago açoriano. A mais evidente, é a atenção dada aos sismos dado o histórico daquelas ilhas. A da Madeira, que resultou num investimento de seis mil euros co-financiado por fundos comunitários, substituiu essa preocupação pelos incêndios e acidentes em montanha.