Forças afegãs dizem controlar cidade ocupada por taliban
Os combates nos últimos quatro dias em Ghazni causaram 30 mortos entre os civis e cem entre as forças afegãs. Habitantes sem acesso a bens essenciais.
As forças de segurança afegãs, com apoio da Força Aérea norte-americana, garantem ter conseguido retomar o controlo sobre uma cidade estratégica que durante quatro dias foi ocupada parcialmente pelos taliban. Porém, os habitantes dizem que elementos do grupo extremista mantêm algumas posições e falam em muitas dificuldades em aceder a comida ou medicamentos.
Um ataque de surpresa na semana passada permitiu que os taliban conseguissem controlar dois bairros da cidade de Ghazni, um ponto estratégico ao longo da auto-estrada que liga Cabul ao sul do país. Os combates para que o Governo retomasse o controlo duraram quatro dias e incluíram forças especiais afegãs e bombardeamentos norte-americanos.
O ataque a Ghazni acontece poucas semanas antes das eleições legislativas de 20 de Outubro, que são vistas como um teste à gestão da Administração do Presidente Ashraf Ghani e dos seus esforços para chegar a um acordo de paz com o grupo radical.
Durante os combates morreram cerca de 30 civis e pelo menos cem elementos das forças de segurança afegãs, de acordo com o ministro da Defesa, Tariq Shah Bahrami. Foram ainda abatidos 194 combatentes taliban, incluindo 12 comandantes, acrescentou o ministro.
Apesar das garantias dadas pelo Governo de que foi restabelecido o controlo sobre a cidade, há relatos de que os taliban mantêm a ocupação em algumas ruas e edifícios públicos. A BBC diz que as ligações telefónicas estão inactivas, tornando-se difícil confirmar as informações.
Habitantes que entretanto fugiram da cidade relatam o desespero dos que permanecem em Ghazni, que pode estar perto de uma crise humanitária. “A vida está a ficar difícil para as pessoas, elas não conseguem comida nem água”, disse à BBC um habitante que fugiu da cidade no domingo.
À Al-Jazira outro habitante relatou o estado em que viu a cidade pela última vez antes de fugir. Os taliban “estavam a incendiar edifícios e havia cadáveres por todo o lado”, contou Abdul Wakil.
A ONU pediu às partes envolvidas que permitam o acesso dos civis a cuidados de saúde. “Os medicamentos no hospital principal estão a escassear e as pessoas não conseguem trazer de forma segura os feridos para serem tratados”, disse o coordenador humanitário das Nações Unidas no Afeganistão, Rik Peeperkorn, através de um comunicado.