Autocarro com crianças atingido em ataque aéreo no Iémen
Dezenas de civis mortos em bombardeamento da coligação liderada pelos sauditas contra os rebeldes no Norte do país.
Um bombardeamento da coligação liderada pela Arábia Saudita em Saada, no Iémen, matou pelo menos 43 pessoas, incluindo crianças, segundo fontes médicas e o Comité Internacional da Cruz Vermelha (ICRC).
“Muitos mortos, ainda mais feridos, a maioria com menos de dez anos”, disse Johannes Bruwer, chefe de delegação da Cruz Vermelha no Iémen, no Twitter. Um responsável do departamento de saúde em Saada disse à Reuters que morreram 43 pessoas e pelo menos 61 ficaram feridas.
O ataque foi levado a cabo pela coligação liderada pela Arábia Saudita e apoiada pelos Estados Unidos. Riad divulgou uma declaração dizendo que o bombardeamento tinha por algo os lançadores de mísseis que atingiram a cidade saudita de Jizan na quarta-feira à noite - matando um civil iemenita. Acusou os houthis, que têm apoio iraniano, de usarem crianças como escudos humanos.
A Cruz Vermelha – uma das poucas instituições humanitárias a ajudar civis no terreno no Iémen – tweetou que, “de acordo com a lei internacional, os civis têm de ser protegidos durante conflitos”.
O Iémen é, há mais de três anos, palco de uma luta entre o regime sunita e os rebeldes hutis, xiitas, que controlam grande parte do Norte do Iémen incluindo a capital, Sanaa. O Governo, no exílio desde 2014, é apoiado pela Arábia Saudita e seus aliados sunitas; os hutis são secundados pelo Irão, no que é visto como mais um conflito de uma guerra por procuração entre as duas grandes potências do Médio Oriente.
A intervenção militar saudita, apoiada também pelos Emirados Árabes Unidos, tem como objectivo impedir o avanço dos hutis e voltar a pôr no poder o Presidente deposto, Abd Rabbu Mansour Hadi, escolhido com apoio internacional depois do movimento de contestação que levou à queda do ex-ditador Ali Abdallah Saleh.
A coligação foi acusada, em Agosto, de ataques perto de um mercado de peixe em Hudheida, controlada pelos hutis – ataques que mataram 55 pessoas e deixaram mais de 130 feridas. A maioria da ajuda e dos alimentos que vão para o Iémen chegam por esse porto do mar Vermelho.
O gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) disse que desde Junho, quando os combates em Hudheida aumentaram de intensidade, os seus parceiros na zona registaram 50.500 famílias deslocadas.
Em resposta, os hutis intensificaram ataques com mísseis contra alvos sauditas.
A coligação saudita tem sido criticada por ataques repetidos contra zonas civis, incluindo mercados e hospitais. Mais de dez mil pessoas morreram já no Iémen, e a falta de alimentos ameaça milhões de pessoas que estão em risco de morrer à fome.