CDS pede explicações ao Governo sobre “situação de colapso” na CP
Para os centristas, há uma situação de "colapso" nos comboios portugueses e querem explicações urgentes do Governo.
O CDS-PP exigiu esta segunda-feira explicações ao Governo sobre a "situação de colapso" na CP e admite antecipar a reunião da Comissão Permanente do Parlamento, prevista para Setembro, se entretanto o ministro do Planeamento não der esclarecimentos públicos.
Há uma "situação de colapso" nos transportes ferroviários com consequências nos horários, manutenção e número de comboios em funcionamento, afirmou o vice-presidente do partido Adolfo Mesquita Nunes, em conferência de imprensa conjunta com o líder parlamentar, Nuno Magalhães, na Assembleia da República, em Lisboa.
Mesquita Nunes tem a expectativa de o ministro Pedro Marques vir a dar "explicações públicas" sobre o que se está a passar e quais são as soluções adoptadas pelo Governo para resolução do problema.
Mas se isso não acontecer, Nuno Magalhães admite propor a antecipação da Comissão Permanente, que substitui o plenário da Assembleia da República em férias, prevista para 6 de Setembro, ainda que reconheça que só poderia antecipar a reunião por consenso de todos os partidos.
Quem não o quiser, que assuma as responsabilidades políticas, afirmou Nuno Magalhães.
Os centristas argumentam com as mudanças nos horários e atrasos nos comboios, casos de falta de manutenção de carruagens que estiveram na origem de vários incidentes, no fim-de-semana, devido a falhas, por exemplo, no ar condicionado.
Em causa está uma notícia do PÚBLICO, que deu conta de que a CP suspendeu a venda de bilhetes para os comboios alfas pendulares deste domingo para diminuir o número de passageiros a bordo e, consequentemente, a carga térmica no interior, tudo porque o ar condicionado do Alfa pendular não foi concebido para suportar as altas temperaturas dos últimos dias.
Já no domingo, o PSD havia falado em estado de "falência operacional" da CP. Em declarações à Lusa, o deputado social-democrata Carlos Silva sustentou que "o Governo deve uma explicação aos portugueses" por mais esta redução de oferta da CP que os penaliza, "tal como tem acontecido sempre com as reduções regulares da oferta de transportes públicos desde que este Governo entrou em funções, nomeadamente no caso da Carris, Metro e transportes fluviais do Tejo".
"Tomámos conhecimento de que, perante o aumento da procura, motivado pelo acréscimo de turismo e período de férias, para além de a oferta não ter acompanhado esse aumento da procura, ainda se registou a diminuição e até mesmo a supressão de comboios", observou Carlos Silva, coordenador dos deputados do PSD na área dos transportes, na Comissão de Economia e Obras Públicas.
"Tomámos ainda conhecimento de que a deficiente manutenção ou mesmo a total ausência desta, associada à falta de comboios, tem levado a que a CP já proceda a reparações pontuais, nomeadamente de ares condicionados, em plena circulação dos comboios, andando os utentes entre Lisboa e Porto em total desconforto e havendo mesmo registos de indisposições por parte de utentes e funcionários", prosseguiu.
Neste momento, defendem os social-democratas, a CP é "uma empresa que não cumpre na íntegra a sua obrigação de serviço público [e] nessa circunstância, uma empresa que não consegue efectuar a devida manutenção dos seus principais activos e, simultaneamente, anula receita por falta desses activos só pode ser considerada uma empresa em falência operacional".
Maioria de esquerda silenciosa
Adolfo Mesquita Nunes acusou ainda Bloco de Esquerda e o PCP de se calarem perante esta situação de colapso, "do ponto de vista dos utentes", dado tratar-se de "uma empresa pública", e foi por causa desse silêncio que apelidou os dois partidos de "maioria de esquerda silenciosa".
Se fosse privada, afirmou, os dois partidos estariam "a distribuir panfletos nas estações" e "a exigir a nacionalização" da empresa.
O vice-presidente do CDS alertou que o próximo será o quarto Orçamento do Estado do PS com o apoio dos partidos da esquerda, "já não há austeridade" e a "troika" saiu do país há seis anos.
"A responsabilidade do que está a passar-se, por mais problemas que possam vir do passado, é da responsabilidade desta maioria de esquerda", concluiu.