Ryanair cancelou 70% dos voos em Portugal no segundo dia de greve
Segundo estimativas do SNPAC, a greve deste segundo dia terá maior impacto em Portugal. Fonte da ANA - Aeroportos de Portugal diz que se “observa um ambiente calmo e organizado tanto no Aeroporto de Lisboa, como no Porto e em Faro”.
A Ryanair cancelou 70% dos voos em Portugal nesta quinta-feira, o segundo dia da greve europeia convocada pelos tripulantes de cabine que exigem a aplicação da lei nacional laboral, segundo fontes sindicais.
Durante a manhã desta quinta-feira “foram cancelados 17 dos 24 voos previstos” em Portugal, disse à agência EFE Bruno Fialho, porta-voz do Sindicato Nacional de Pessoal de Voos de Aviação Civil (SNPAC). No aeroporto de Lisboa terão sido cancelados três voos, no Porto cancelaram-se sete dos 12 previstos e em Faro todos os sete voos.
Fonte da ANA - Aeroportos de Portugal garantiu ao PÚBLICO, nesta quinta-feira, através de um e-mail que se “observa um ambiente calmo e organizado tanto no Aeroporto de Lisboa, como no Porto e em Faro” e que a ANA “tem trabalhado com a companhia aérea no sentido de minimizar operacionalmente os efeitos da greve junto dos passageiros nos aeroportos afectados”.
O diário El País escreve que, em Espanha, a Ryanair teve de cancelar 29 voos adicionais, o que afectou milhares de passageiros, a maior parte com destino a cidades italianas. Na Bélgica, o segundo dia de paralisações terá levado ao cancelamento de 80% dos voos no Aeroporto Nacional de Bruxelas e 60% deles em Charleroi.
Segundo estimativas sindicais citadas pela EFE, o segundo dia de greve em Portugal teve maior impacto do que o primeiro, quando foram suspensos 30 de 51 voos (58,89%). Porém, na manhã de quarta-feira, a taxa de adesão à greve situava-se nos 90%, disse ao PÚBLICO Luciana Passo, do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC). Já na Europa, segundo informação da agência LUSA, até às 13h de quarta-feira tinham sido cancelados mais de 230 voos.
A greve foi decidida a 5 de Julho em Bruxelas, após uma reunião com vários sindicatos europeus que exigem que a companhia irlandesa de baixo custo aplique as leis nacionais laborais, em vez das do seu país de origem, a Irlanda. Em comunicado, a Ryanair anunciou na semana passada que iria cancelar até 300 de 2400 voos diários nos dias 25 e 26 de Julho, “de forma a minimizar as perturbações geradas aos seus clientes provocadas por greves desnecessárias por parte de alguns tripulantes de Cabine em Portugal, Espanha e Bélgica”, aos quais se juntaram tripulantes e sindicatos de Itália numa paralisação de 24 horas.
Segundo dados da transportadora aérea, os cancelamentos poderiam afectar cerca de 12% dos passageiros da Ryanair. Em Portugal, a companhia estimou que até 50 dos mais de 180 voos diários (27%) fossem cancelados; em Espanha, previa-se que fossem cancelados 24% dos voos e, na Europa, até 300 dos mais de 2400 voos diários (12%) da Ryanair. A empresa cancelou alguns voos antes de a greve começar e avisou os clientes afectados antecipadamente, aos quais foi dada a opção de reagendamento ou o reembolso do valor dos voos. Porém, de acordo com informações avançadas pela Sky News, a companhia irlandesa entrou em confronto com o regulador de aviação britânico por se recusar a reembolsar os passageiros (que deveriam receber 250 euros de reembolso), alegando “circunstâncias excepcionais”.
Nesta quarta-feira, a empresa anunciou a redução de 20% da sua frota a partir de Outubro, em Dublin (Irlanda), ameaçando 300 postos de trabalho. Em contrapartida, os pilotos da companhia aérea na Irlanda anunciaram que farão nova greve de 24 horas no próximo dia 3 de Agosto e a Ryanair reagiu no Twitter, prevendo que “não mais do que 20 dos 290 voos na Irlanda sejam cancelados na próxima sexta-feira”.
Em Portugal, a Ryanair tem estado envolvida numa polémica por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto das paralisações. O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil acusa a Ryanair de substituir ilegalmente grevistas portugueses, o que motivou uma inspecção por parte da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) para avaliar irregularidades.