Matemática A: exame da 2.ª fase também foi "mais fácil"

Diagnóstico é das organizações de professores. Iave dá novas instruções de correcção, mas os alunos desta vez foram avisados.

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Exames da 2.ª fase são realizados, na maioria, por alunos que chumbaram na primeira. Paulo Pimenta

A Associação de Professores de Matemática (APM) e a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) coincidem no diagnóstico: o exame de Matemática A realizado nesta sexta-feira por 22.814 alunos do 12.º ano foi “mais fácil” do que o da 1.ª fase, na qual os alunos internos obtiveram uma média de 10,9.

“Esta diferença no grau de dificuldade é o ponto menos positivo que encontrámos na prova”, disse Paulo Correia, da APM, alertando que o facto de o exame ter sido mais fácil não significa que a média não possa descer dadas as características dos alunos que vão à 2.ª fase. “Na sua maioria são alunos que chumbaram na 1.ª fase dos exames, o que significa que muitos dos bons alunos já não fizeram esta prova”, explica.

Também o presidente da SPM, Jorge Buescu, lamenta que, apesar de se saber que os alvos são distintos nas duas fases, os exames “tenham tido graus de dificuldade tão diferentes”. 

Ao contrário do que sucedeu na 1.ª fase, os alunos não foram surpreendidos com novas mudanças, uma vez que a estrutura da prova desta sexta-feira era idêntica à realizada em Junho, dizem ambos os representantes. E também não serão prejudicados por uma correcção diferente do que se encontrava estipulado na prova. Isto porque, revelam, o Instituto de Avaliação Educativa (Iave), responsável pela elaboração e correcção dos exames, enviou às escolas um esclarecimento, que foi lido a todos os alunos antes de iniciarem o exame, informando que nas perguntas em alternativa se forem apresentadas duas respostas apenas contará a primeira.

Conforme o PÚBLICO noticiou na altura, na 1.ª fase o Iave instruiu os professores classificadores, três dias depois de se ter realizado o exame e divulgados os critérios de correcção, que se o aluno tiver acabado por responder a dois itens das perguntas em alternativa e uma das respostas estiver correcta, “esta deve ser considerada” para efeitos de cotação. Na prova de exame estava escrito expressamente que o aluno só devia responder a um dos itens. Estas perguntas reportavam a dois programas distintos, o de 2002 e o que foi aprovado em 2015, que se encontra agora em vigor.

Isto aconteceu porque o Iave decidiu avaliar com o mesmo exame tanto os alunos que frequentaram o 12.º ano em 2017/2018, que já estudaram pelo novo programa, como aqueles que chumbaram no ano passado, quando o documento de 2015 ainda não estava aplicado ao último ano de secundário, e repetiram a prova em Junho.

Sobre esta parte do exame, as perguntas em alternativa, Jorge Buescu considera que estas foram “desequilibradas em termos de conteúdos”, tendo-se optado por escolher dos dois programas temas bastantes diversos entre si.

No seu parecer sobre o exame, a SPM volta a insistir “que este modelo de exame – assente na intersecção de dois referenciais distintos – é inviável para uma avaliação séria do trabalho desenvolvido por professores e alunos durante este ano lectivo.” E apela por isso ao Ministério da Educação “para que abandone esta opção, que se mostrou desastrosa, e elabore no próximo ano lectivo – tal como a SPM recomendou há mais de um ano – duas provas distintas, uma para cada programa”.

O Iave justificou a sua opção por considerar que a existência de duas provas “poderia ser potencialmente lesiva dos interesses dos alunos (…) porque seria impossível assegurar que ambas as provas fossem equivalentes no que se refere ao seu grau de complexidade e dificuldade”.

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