IGAI abre inquérito à actuação da PSP no caso da jovem agredida por segurança

Inspecção-Geral da Administração Interna entende que se terão verificado infracções disciplinares neste caso.

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Nicol foi agredida a soco por um segurança na noite de São João, a 24 de Junho Nelson Garrido

A Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) abriu esta sexta-feira um inquérito para investigar a actuação de agentes da PSP do Porto no caso da jovem colombiana Nicol Quinayas, agredida por um segurança na noite de São João, a 24 de Junho. O inquérito foi aberto porque a IGAI entende que se terão verificado infracções disciplinares neste caso, apurou o PÚBLICO. O processo de averiguação interna que decorria no Núcleo de Deontologia do Comando da PSP do Porto, que já tinha “natureza disciplinar”, como a IGAI salientara ao PÚBLICO, é assim integrado no inquérito aberto pela IGAI, que chama assim a investigação do caso para a sua tutela.

A IGAI, que tem competência disciplinar sobre a PSP, já tinha instaurado um primeiro processo de natureza administrativa para perceber se haveria matéria para proceder ao inquérito e para monitorizar o processo que decorria na PSP.

Em causa estará a suspeita de violação do dever de zelo pelo facto de pelo menos dois polícias não terem detido o segurança da Sociedade dos Transportes Colectivos do Porto (STCP) em flagrante delito, nem perguntado à vítima se queria apresentar queixa. Além disso, está a ser investigado o facto de os agentes terem registado em auto de notícia a agressão a Nicol Quinayas apenas três dias depois da ocorrência e já depois de a jovem ter feito queixa pessoalmente na esquadra.

A seguir aos acontecimentos, a jovem colombiana de 21 anos, que vive desde criança em Portugal, queixou-se que os agentes que se deslocaram à zona da paragem de autocarros do Bolhão, onde estava a ser agredida por um segurança da empresa 2045, não a tinham ouvido. 

Quando os agentes da PSP chegaram ao local, terão visto o segurança da empresa que faz a fiscalização dos autocarros da STCP ainda com os joelhos em cima do corpo da jovem, a imobilizar-lhe o braço. Esta situação ficou gravada num vídeo que circula na Internet. No mesmo, vê-se sangue no chão.

Seis testemunhas que estiveram no local disseram ao PÚBLICO que não foram identificadas pela polícia. Todos – Francisca Monteiro, Pedro Silva, Cassiano Ferreira, Tânia e Daniela e uma jovem de 15 anos que não quis ser identificada – confirmaram que o fiscal agrediu Nicol da forma como esta descreveu, com socos. E confirmaram que os agentes da PSP chegaram ao local enquanto o fiscal estava com os joelhos por cima de Nicol, ou seja, terão dado conta de que havia uma agressão.

Esta sexta-feira, a empresa 2045 informou, por email, ao PÚBLICO que "desde o início e até à conclusão do inquérito [para averiguar o que se passou] o segurança em questão está preventivamente suspenso de toda actividade profissional". Questionada diversas vezes desde a ocorrência sobre se o segurança tinha sido suspenso de funções, até agora a 2045 não tinha respondido. A STCP disse, logo na semana da mediatização do caso, que até à conclusão da investigação dos factos o segurança não estaria a trabalhar para si. Com Joana Gorjão Henriques

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