Suspeita de irregularidades em Pedrógão: Marcelo quer saber “como” e “quando”
Presidente diz que “portugueses não podem ficar com dúvidas” do destino dos donativos.
Marcelo Rebelo de Sousa quer que sejam investigadas as alegadas irregularidades na reconstrução de casas da zona de Pedrógão Grande. “Há que apurar o que correu mal”, começou por afirmar aos jornalistas nesta sexta-feira. O Presidente quer saber o que falhou no processo de atribuição de subsídios: “Se foi a definição de critério ou se foi a aplicação dos critérios, se foi na fase da comissão técnica ou na fase do conselho de gestão, como foi, quando foi.”
O chefe de Estado estava em Coimbra para assistir à última lição do médico cirurgião Manuel Antunes, que deixa o serviço público aos 70 anos por imposição legal, mas acabou por ser questionado pelos jornalistas sobre o assunto que entrou para o domínio público na quinta-feira através de uma reportagem da revista Visão.
A última edição afirma que oito casas terão beneficiado de apoios, que ascendem a meio milhão de euros, com verbas que se destinavam a recuperar primeiras habitações afectadas pelo fogo em 2017, sem que efectivamente esses imóveis fossem de primeira habitação. O Ministério Público, apurou o PÚBLICO, abriu um inquérito para investigar as suspeitas na sequência da publicação do artigo.
“Os portugueses não podem ficar com dúvidas de que quando dão o seu contributo para uma causa nobre não é para que haja um desvio da função essencial” dos donativos, insistiu Marcelo.
Também a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro já tinha anunciado que iria encaminhar para o Ministério Público (MP) as denúncias de fraude. A presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, mostrou total disponibilidade para colaborar com a investigação, referindo que poderá enviar informação complementar, se se confirmar que há suspeitas sobre outros casos. “Se o MP investigar todos os processos, estamos tranquilos”, acrescentou.
Os incêndios de Pedrógão Grande tiveram início a 17 de Junho de 2017 e alastraram-se a concelhos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco. O fogo causou 66 mortos, 250 feridos, dos quais sete graves e calcula-se que tenha destruído 261 casas de primeira habitação.