Ministro vai anunciar decisão sobre deslocalização do Infarmed "a curto prazo"
Adalberto Campos Fernandes considera que relacionar a deslocalização do instituto com ameaça da saúde pública mundial é um "exagero".
O ministro da Saúde disse nesta quarta-feira que o Governo terá condições para decidir sobre a mudança do Infarmed para o Porto "a curto prazo" e salientou que relacionar a deslocalização com ameaça da saúde pública mundial é "exagero", em referência às declarações da presidente do instituto no dia anterior.
"Alguns aspectos estão a ser aprofundados" na análise da eventual deslocalização do Infarmed para o Porto e "teremos condições para uma decisão a curto prazo", referiu Adalberto Campos Fernandes.
O governante está a ser ouvido na comissão parlamentar da Saúde sobre o anúncio da mudança do Infarmed para o Porto, avançada em Novembro e que tem suscitado várias críticas e a oposição dos trabalhadores, assim como da presidente da autoridade do medicamento.
A decisão terá em conta o relatório do grupo de trabalho acerca do assunto (que entregou as suas conclusões no final de Junho), a estabilidade da actividade da entidade, assim como as condições de trabalho dos funcionários, apontou.
O ministro da Saúde comprometeu-se no final de Junho a acelerar o processo de deslocalização, tendo Adalberto Campos Fernandes garantido que a mudança para o Porto deverá acontecer em Janeiro de 2019.
Questionado pelos deputados, nomeadamente Ricardo Baptista Leite (PSD), acerca das declarações da presidente do Infarmed, na terça-feira, na comissão de Saúde, Adalberto Campos Fernandes defendeu que, quando se fala da ameaça da saúde pública nacional e mundial, "estamos no domínio do exagero".
Já a presidente do Infarmed que alertou nesta terça-feira, quando era também ouvida na comissão de Saúde, que a deslocalização da instituição pode ser uma "ameaça à saúde pública" em Portugal e também no mundo.
Maria do Céu Machado considerou ainda que a mudança pode representar uma perda de credibilidade do país, e deixou duras críticas ao relatório pedido pelo Governo, que considerou superficial e opinativo, salientando não entender os benefícios da deslocalização.
No mesmo sentido crítico foi a comissão de trabalhadores do Infarmed, também ovuida na comissão, ao defender que o relatório sobre a transferência da instituição de Lisboa para o Porto é superficial, e está cheio de erros e omissões.
Os trabalhadores ficaram "perplexos" perante o relatório, disse o dirigente Rui Spínola, referindo que a solução foi fazerem uma "errata", um documento de 36 folhas que entregaram aos deputados.
Já o presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos classificou de "egocêntricas e autistas" as declarações da presidente do Infarmed sobre a deslocalização da instituição para o Porto e assegurou que tal não terá "nenhum impacto".