PCP e PS viajam na Linha do Oeste e exigem fim das supressões de comboios

Desde Janeiro de 2017 que as supressões de circulações têm sido diárias.

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rui Gaudencio

Imagine o leitor que vai viajar pela CP de Leiria para a Figueira da Foz. São só 52 quilómetros e há uma linha férrea directa, mas a partir de 8 de Agosto, para se fazer este percurso, vai ser necessário apanhar três comboios: um de Leiria até à estação de Amieira, um outro até Verride (durante apenas três quilómetros) e depois, um terceiro, desta estação para a Figueira da Foz.

Este anacronismo resulta da nova oferta que a CP vai implementar na Linha do Oeste, que acaba com as ligações directas com Coimbra e reduz o número de comboios devido à falta de material circulante.

É por causa das críticas ao serviço prestado nesta linha – onde desde Janeiro de 2017 as supressões de circulações têm sido diárias – que os partidos políticos começam a ter iniciativas em defesa da Linha do Oeste, mesmo sem ser no período de campanha eleitoral.

Para esta quinta-feira está previsto uma viagem de comboio (se o mesmo não for suprimido) entre Caldas da Rainha e Lisboa, com deputados do PS eleitos pelo distrito de Leiria, autarcas e estruturas socialistas dos distritos “com o intuito de chamar a atenção para o estado de funcionamento e apresentar um conjunto de propostas de modernização da Linha do Oeste”.

E nesta quarta-feira à tarde, integrado numas jornadas do PCP no distrito de Leiria, o eurodeputado João Ferreira tentou apanhar o comboio, às 18h30, para aquela cidade na estação das Caldas da Rainha, logo após um encontro com a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, um movimento cívico que tem vindo a denunciar a constante degradação do serviço deste eixo ferroviário. Mas o comboio foi suprimido e a viagem teve de ser feita de autocarro.

Aquela comissão emitiu um comunicado dizendo que “o Governo e a CP insistem em afastar os utentes da Linha do Oeste” ao acabar com as ligações directas com Coimbra e com reduções importantes na oferta: “Os dois primeiros comboios, da parte da manhã, no sentido Caldas-Lisboa passarão a ter um intervalo entre si de quase seis horas”.

O mesmo documento diz que “ao invés de tomarem medidas imediatas para repor o material circulante em falta, assegurando a viabilidade da linha, com elevada procura por parte dos passageiros, “resolvem” o problema afastando os utentes, que serão obrigados a encontrar alternativas de transporte”. Por outro lado, a redução da oferta, por si só, não resolve o problema das supressões, porque é necessário comprar material circulante novo e contratar pessoal para as oficinas da CP.

A redução do número de comboios na Linha do Oeste já esteve previsto para 10 de Junho, mas na altura a tutela não esteve de acordo. O Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas declarou então que “o Governo defende o reforço, e não diminuição, do serviço ferroviário”.

A empresa adiou a decisão e, desde então, quando contactados pelo PÚBLICO, Governo e CP respondiam que estavam a trabalhar em conjunto para encontrar uma “solução”. Porém, a solução encontrada foi ainda mais restritiva do que a anterior. A partir de Agosto, viajar das Caldas da Rainha ou de Leiria para Aveiro ou Porto obrigará a dois transbordos, pois o percurso só poderá ser feito apanhando três comboios.

Nas últimas semanas o número de supressões na Linha do Oeste agravou-se, mas nem sempre a CP assegura serviço alternativo em autocarro, pelo que são frequentes os relatos de passageiros que ficam “pendurados” nas estações sem comboio nem informações. Situações como estas têm ocorrido também com frequência no Alentejo e no Algarve.

O PÚBLICO contactou a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), que é a entidade reguladora do sector e que sobre esta matéria se tem mantido em silêncio, mas, mais uma vez, não obteve resposta.

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