Primeiro-ministro demite-se depois de vários dias de protestos
Aumento do preço dos combustíveis fez os haitianos saírem às ruas, houve barricadas nas principais cidades, incêndios e pilhagens. Morreram pelo menos quatro pessoas.
O primeiro-ministro do Haiti, Jack Guy Lafontant, anunciou neste sábado a sua demissão, depois de uma semana de violentos protestos contra uma tentativa do Governo de aumentar o preço dos combustíveis.
“Antes de aqui vir, apresentei a minha demissão ao Presidente da República, que a aceitou”, afirmou Lafontant no parlamento, onde se dirigiu acompanhado pelos seus ministros. Alguns deputados tinham já exigido que saísse do executivo e ameaçavam com uma moção de censura.
Na sexta-feira, na sua conta na rede social Twitter, Jack Guy Lafontant tinha recusado demitir-se. Mas este sábado acabou por anunciar a sua demissão, depois de centenas de milhares de haitianos se terem manifestado nas ruas da capital.
O Governo anunciara uma subida dos preços da gasolina em 38%, do gasóleo em 47% e do querosene em 51%, a partir da meia-noite de sábado, parte do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em Fevereiro, o Governo acordou com o FMI uma diminuição dos subsídios aos combustíveis, como parte do pacote de assistência. O acordo também incluiu um aumento nos gastos dos serviços sociais e infra-estruturas, e uma melhor tributação dos impostos de forma a modernizar a economia.
A medida originou uma vaga de protestos nos passados dias 6, 7 e 8 de Julho. Os protestantes ergueram barricadas nas principais cidades e nas estradas do país foram, paralisando toda actividade. A violência foi mais forte na capital, Porto Príncipe, onde se registaram incêndios e pilhagens e morreram pelo menos quatro pessoas, noticiou a AFP.
Lafontant suspendeu o aumento dos preços do combustível depois dos protestos da semana passada, mas a contestação continuou nas ruas e no parlamento, escreve a Associated Press.
Jack Guy Lafontant é médico e era um desconhecido nos meios políticos até ter sido nomeado em Fevereiro para primeiro-ministro. É amigo de Jovenel Moïse, que exerce o cargo de Presidente da República desde 7 de Fevereiro de 2017.