Manuel Monteiro admite voltar ao CDS-PP
Antigo líder do partido poderá filiar-se no início de 2019, a tempo das eleições europeias.
O antigo líder do CDS Manuel Monteiro admite regressar ao partido que deixou em 2003 em ruptura com Paulo Portas. “Se eu decidir regressar à política, fá-lo-ei no CDS, reinscrever-me-ei, porque creio que o CDS pode protagonizar um espaço mais alargado da direita e do centro-direita português”, afirmou esta terça-feira ao jornal i.
Manuel Monteiro poderá voltar a filiar-se no início do próximo ano, antes do ciclo eleitoral que inclui europeias e legislativas.
Nos últimos tempos, o antigo líder tem-se reaproximado do CDS através de militantes que criaram a primeira corrente interna formal no partido – a Tendência Esperança em Movimento. Abel Matos Santos, porta-voz da TEM, tem promovido iniciativas em que Manuel Monteiro é convidado a participar e saúda o eventual regresso ao partido. A mesma abertura para o regresso tem sido expressa pelo ex-deputado Raul Almeida, que tem sido crítico da liderança de Assunção Cristas.
Já em Março deste ano, antes do congresso do CDS, Manuel Monteiro tinha admitido a hipótese de voltar. “Põe de parte a hipótese de um dia voltar ao CDS?”, questionou o jornalista Pedro Cruz, no programa Dez Minutos da SIC Notícias. “Não”, respondeu Monteiro. “E é a primeira vez que falo disto em público.” O jornalista insistiu, para clarificar: “Não põe de parte?” E o entrevistado repetiu: “Não. Há pouco, quando vinha para cá, calculei que me fizesse essa pergunta. Já sei que vou ouvir muitas críticas logo à noite, em casa, com esta minha resposta...”
Esta posição originou reacções menos positivas. Na altura, o deputado e coordenador autárquico João Rebelo lamentou que o ex-líder se comportasse como um "treinador de bancada". A própria líder Assunção Cristas admitiu que o regresso “traria ao de cima mágoas”. Cristas lembrou ainda que o agora professor universitário “criou um outro partido concorrendo contra o CDS”.
Manuel Monteiro saiu do CDS – que liderou entre 1992 e 1994 – e fundou o Partido da Nova Democracia, que entretanto já desapareceu. Essa foi a justificação para não ter sido convidado, tal como Freitas do Amaral, como ex-presidente do partido para comparecer na homenagem a Adriano Moreira no congresso de Março.
Nessa altura, Manuel Monteiro fazia depender o seu regresso de uma conversa serena em Braga. "Se algum dia decidir fazê-lo, a primeira coisa que teria de fazer era rumar a Braga e conversar com um conjunto significativo e muito importante de pessoas na minha vida, que estiveram comigo no CDS e que saíram comigo. Nunca faria uma coisa dessas sem estar em Braga e ter uma conversa serena com um conjunto de pessoas”, disse, assumindo que, se fosse agora, provavelmente, já não teria fundado o Nova Democracia.