Mundial 2018
As bolas do Mundial
Mais claras ou mais escuras, mais leves ou mais pesadas, com costura à vista ou quase um esférico perfeito. Tal como o jogo, também as bolas têm evoluído muito ao longo das décadas. Desde a de couro castanho usada no Mundial de 1930, no Uruguai, até à Telstar 18 branca com apontamentos pretos e vermelhos feita num material sintético que rola no Mundial que se disputa na Rússia, quase tudo mudou na protagonista de uma das maiores competições desportivas do mundo. Fique a conhecê-las melhor aqui.
Telstar
1970
México
A primeira bola preta e branca da história dos Mundiais. Patrocinada pela Adidas (tal como todas as bolas feitas posteriormente para os Campeonatos do Mundo), esta bola foi inspirada na estrutura das cúpulas geodésicas de Buckminster Fuller (designer e arquitecto norte-americano), de forma a obter a maior esfericidade possível. Para esse efeito, a bola contou com 32 gomos cozidos à mão, mais oito que a Challenge 4-star. Os pentágonos (12) foram pintados de preto e os hexágonos (20) de branco, facilitando a visualização da bola através da televisão, que, pela primeira vez, transmitiu o Mundial em directo, ainda a preto e branco. Daí o nome Telstar, que significa “Estrela da Televisão”. A Adidas distribuiu apenas 20 unidades da Telstar para este Mundial.
Telstar Durlast
1974
Alemanha
Quatro anos após o Mundial do México, a Telstar Durlast não contou com grandes inovações. Tinha 32 gomos, pentágonos pretos e hexágonos brancos, mas não existem registos sobre o seu peso. Concebida para ser mais resistente e visível em condições meteorológicas mais adversas, tornou-se um clássico. Foram feitas outras versões da bola, como a sua gémea Chile, recordando a utilizada em 1962, e uma mais alaranjada, para dar maior visibilidade quando os jogos eram disputados na neve. Havia ainda outra inovação: a bola podia ter logótipos e nomes de jogadores.
Tango Telstar
1978
Argentina
De seu nome Tango, inspirada na dança latina da Argentina, que organizou o Campeonato do Mundo de 1978, esta bola é inovadora no que diz respeito à sua estética: decorações pretas triplas que criavam a ilusão de 12 círculos desenhados na bola. Este design foi utilizado durante os cinco Mundiais seguintes. O seu fabricante, tal como nas outras duas edições, foi a Adidas.
Tango Espana
1982
Tango España
Também para homenagear o país anfitrião deste Mundial (Espanha), a Tango España era patrocinada pela marca internacional Adidas. Foi a última bola a ser produzida em couro, mas impermeabilizado com material sintético, não deixando que a água, em dias de chuva, fosse absorvida. Desta forma, os jogadores não tiveram que se preocupar com o peso da bola, de que, aliás, também não há registo.
Azteca
1986
México
A primeira bola a ter um desenho referente à cultura do país anfitrião do Mundial, neste caso, o México. A Azteca apresenta, tal como o nome indica, um desenho arquitectónico asteca em torno da bola, tornando-se numa inovação para a história das bolas dos Mundiais. Era totalmente feita de material sintético, o que melhorava bastante a sua durabilidade e a tornava impermeável.
Etrusco Único
1990
Itália
O nome para a bola teve inspiração na história antiga da Itália, país anfitrião do Mundial de 1990, com decorações pretas triplas e três leões desenhados, remetendo para a cultura dos etruscos e para a bola Tango, de 1978. Foi a primeira bola a ser feita em espuma de poliuretano, o que conservava a forma e o peso, já que era totalmente impermeável. Foi fabricada com várias camadas de plástico, para que fosse estável e resistente, tendo representado um grande avanço na tecnologia. Prova disso é o facto de ter sido utilizada também durante o Euro 1992, na Suécia.
Questra
1994
EUA
“A busca por estrelas”. Vem daí o nome dado à bola que marcou o Campeonato do Mundo de 1994, nos Estados Unidos da América, que conta com estrelas desenhadas nas decorações triplas. Também totalmente sintética e feita a partir de materiais inovadores, como a camada de polietileno que recebeu para se tornar mais rápida durante os jogos, principalmente nos pontapés (facilitando a vida dos avançados, nem tanto a dos guarda-redes), era também mais leve. Foram feitas três versões desta bola: a Questra Europa, utilizada para o Campeonato Europeu de Futebol de 1996, a Questra Olympia, para os Jogos Olímpicos de Verão de 1996, e a Questra Apollo, usada para o campeonato espanhol de futebol (1996-97).
Tricolore
1998
França
A Tricolore, que possui um total de 32 gomos, tem também um revestimento sintético, tornando-se mais rápida. As suas decorações triplas azuis incorporam as cores da nação anfitriã, França – um galo, um comboio de alta velocidade e uma turbina, simbolizando o país. Foi a primeira bola multicolorida num Campeonato do Mundo, com as cores da bandeira francesa. Moldada em espuma sintética, tinha uma maior compressão e rapidez, tal como a Questra e as Telstar. A espuma da Tricolore era composta por microcélulas de gás, que distribuíam a energia dos pontapés.
Fevernova
2002
Coreia do Sul/Japão
Com um design inspirado na cultura asiática (fazendo jus aos anfitriões deste Mundial), a Fevernova era tida como muito leve e foi concebida através de um projecto feito durante três anos no Centro de Desenvolvimento da Adidas, na Alemanha, sendo um aperfeiçoamento da Tricolore. O material desta bola distribui-se por seis camadas, sendo a primeira totalmente de látex natural, com três camadas de malha Raschel, outra camada com espuma sintética e duas camadas de poliuretano, resistentes ao rasgo. Todas estas camadas e materiais utilizados fizeram com que a bola se tornasse num grande avanço tecnológico. Foi também a primeira bola a quebrar com o design tradicional da bola Tango e permitia que os jogadores fossem mais precisos nas suas jogadas, devido à sua leveza. Foi também utilizada no Campeonato do Mundo feminino, em 2003.
Teamgeist
2006
Alemanha
O nome significa “espírito de equipa”. A bola Teamgeist foi produzida pela Adidas e tinha muitas inovações face às anteriores. Foi a primeira bola a ter uma versão especial para a final do campeonato mundial, intitulada Teamgeist Berlin. Em todos os jogos, eram feitas bolas com os nomes das equipas, a data, o horário do jogo e o nome da cidade inscritos. A Teamgeist demorou três anos a ser desenvolvida e tinha uma configuração de 14 gomos curvados, tornando-a muito leve. Era também mais redonda, precisa e consistente do que qualquer outra bola até aí fabricada. Outra inovação na história das bolas dos Mundiais é o registo de peso: 441,44 gramas.
Jabulani
2010
África do Sul
Representou uma reviravolta nas bolas dos campeonatos do mundo. A Jabulani tinha oito gomos (dispostos em forma esférica) e uma tecnologia grip ‘groove N, fazendo com que a bola não tenha a superfície totalmente lisa. Assim, a Jabulani tinha ranhuras em círculos para dar maior estabilidade nas trajectórias. Esta tecnologia tornou a bola do Mundial de 2010 a mais estável e precisa de todos os Campeonatos do Mundo, até então. Com um revestimento também sintético, pesava 440 gramas, um pouco mais leve do que a bola da edição anterior, mas foi criticada por alguns guarda-redes, que a consideravam “imprevisível”. A palavra Jabulani significa “festejar” e é originária da língua zulu (grupo étnico da África do Sul). A bola foi apresentada em Dezembro de 2009, durante o sorteio do Mundial de 2010. Possuía 11 cores, representando cada dialecto oficial da África do Sul, uma referência ao número de jogadores em campo e o número de tribos que formaram a África do Sul.
Brazuca
2014
Brasil
O modelo recém-lançado pela Adidas, depois de dois anos e meio de testes (foi a bola mais testada até hoje, passando pelos pés de mais de 600 jogadores, como Iker Casillas e Lionel Messi), surge como o mais moderno da história (mas o avanço não é assim tão grande em comparação com a Tango 12, utilizada no Euro 2012). Conta com uma inovação estrutural, tendo uma simetria única de seis painéis idênticos. A bola possui as mesmas características da bola Cafusa, utilizada na Taça das Confederações da FIFA, em 2013, proporcionando uma melhor aderência, estabilidade e aerodinâmica. A Brazuca é composta por 32 gomos unidos entre si por uma ligação térmica e pesa 437 gramas, mais leve do que as bolas das edições anteriores. O design da Brazuca é inspirado nas fitas multicoloridas do Senhor do Bonfim, além de reflectir também a vibração e diversão do futebol no país pentacampeão do mundo. Esta bola foi também a primeira a ser alvo de votação por parte do público – 77% escolheram o nome, Brazuca (1.119.539 votos).
Telstar 18
2018
Rússia
A bola usada em 2018 será uma homenagem à bola Adidas Telstar do Mundial de 1970, disputado no México, que foi muito elogiada pelos jogadores, devido à facilidade no controlo e precisão na hora do remate. É composta por seis painéis, tornando-a mais lisa e diferenciando-a do sua congénere utilizada há 48 anos, no México. Pela primeira vez na história, terá um chip NFC, que permitirá aos utilizadores acederem a informações sobre a competição através de uma aplicação nos seus smartphones — maioritariamente concursos e outras campanhas promocionais. Antes da permissão para rolar nos estádios do Mundial, existiu um período de concepção que se prolongou por quatro anos, metade do qual serviu para testes e pequenas afinações que, durante a competição, podem fazer toda a diferença. A selecção argentina, a Juventus e o Manchester United — formações patrocinadas pela marca — foram algumas das formações utilizadas para testar a Telstar 2018, com a Adidas a recolher impressões dos atletas e utilizando-as para tornar a bola mais estável. O facto de a bola não ter sido, para já, motivo de preocupação para os intervenientes é bastante positivo. O Mundial de 1970, no México, foi o primeiro a ser televisionado. Essa preocupação levou a que a bola utilizada — a Telstar original — tivesse padrões pretos e brancos, que a tornavam mais perceptível na transmissão televisiva. A Telstar deste ano é, de certa forma, uma bola semelhante — no que toca ao controlo e precisão —, mas adaptada aos novos paradigmas do futebol moderno, tal como a velocidade de jogo mais vertiginosa. A Telstar 2018 vem equipada com tecnologia da linha de golo e pretende, à semelhança das bolas anteriores, criar uma simbiose perfeita entre os jogadores.
Bolas pré-Adidas
![1930](https://static.publico.pt/Multimedia/Infografias/269/img/1930_1.png)
Tiento
Usada na primeira parte do jogo
![1930](https://static.publico.pt/Multimedia/Infografias/269/img/1930.png)
Modelo T
Usada na segunda parte do jogo
1930
Uruguai
Este modelo, ou a chamada “bola da Argentina”, era conhecida por ser pesada e difícil de utilizar. De cor castanha, com 12 gomos e revestida a couro, tornava-se prejudicial, principalmente nos cabeceamentos, diriam os jogadores. O peso exacto da bola é desconhecido, mas sabe-se que era ligeiramente mais leve do que a bola do Uruguai. Na final entre os dois países sul-americanos surgiram divergências sobre que bola utilizar, uma vez que nenhuma das duas selecções abdicava de utilizar a sua, havendo, por isso, uma disputa (entre a bola Tiento e a uruguaia, chamada T). A solução foi utilizar na primeira parte do jogo a Tiento e na segunda o modelo T. O modelo Tiento era tido como pesado e tinha uma abertura por onde entrava uma câmara-de-ar de borracha. A abertura era depois costurada com um atacador que ficava por fora da bola, não sendo muito prática para os jogadores, os quais, em dias de chuva, tinham a tarefa mais dificultada, uma vez que a bola absorvia a água, tornando-a pesada. O modelo Tiento ficou registado como a primeira bola do Campeonato do Mundo.
![1934](https://static.publico.pt/Multimedia/Infografias/269/img/1934.png)
Federale 102
1934
Itália
Esta bola italiana (embora tenha sido encomendada na Argentina pelo seu sistema Superball, que melhorava a costura da mesma) também tinha 12 gomos e era revestida a couro. Desconhece-se o seu peso certo, mas sabe-se que era pesada, tal como o modelo argentino Tiento. Também absorvia a água da chuva, fazendo com que muitos jogadores usassem faixas e toucas para a poderem cabecear. Fechada com cordas costuradas no tecido, que ficavam depois do lado de fora da bola, este modelo assemelhava-se bastante ao da edição anterior do Mundial, complicando também o trabalho dos jogadores.
![1938](https://static.publico.pt/Multimedia/Infografias/269/img/1938.png)
Allen
1938
França
Mais uma bola castanha, pesada e sem registo de peso. Com 12 gomos e também ela costurada, a Allen foi a bola oficial do Campeonato do Mundo em França, durante o ano de 1938. Numa edição que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, a bola não se distinguia das dos campeonatos do mundo anteriores. A Allen sagrou a Itália campeã mais uma vez e foi a última bola a ser feita com cordas e abertura externa. Um aspecto curioso sobre a bola do Mundial de 1938 passa pelo cartaz de divulgação deste, que mostra um jogador e a bola Allen em cima de um globo, representando-a.
![1950](https://static.publico.pt/Multimedia/Infografias/269/img/1950.png)
DUPLO T
1950
Brasil
O Brasil foi o anfitrião do Campeonato do Mundo de 1950, e a bola trazia consigo algumas inovações. A primeira passava pela câmara-de-ar com uma válvula, que se enchia por injecção, evitando as costuras visíveis e as dores que causavam aos jogadores. Tendo como fabricante a Superball, a bola ficou conhecida como a Super Duplo-T pelo seu formato em “T”, devido às costuras internas, sem a abertura do atacador. Mas como nem tudo são inovações, esta bola não tem registo de peso e continuava a absorver a água da chuva, acabando por ser prejudicial aos jogadores devido ao dobro do peso com que a mesma ficava.
![1954](https://static.publico.pt/Multimedia/Infografias/269/img/1954.png)
Swiss World Champion
1954
Suíça
A Suice WC Match Ball, uma bola mais moderna, com 18 gomos arredondados e de cor mais alaranjada do que as dos campeonatos anteriores, foi a primeira bola na história a ser padronizada pela FIFA, em termos de peso, tamanho e diâmetro. Era também de couro e tinha as costuras internas. Com um formato muito idêntico ao da bola da edição anterior, era mais confortável e menos pesada. Curiosidade: o Campeonato do Mundo de 1954, realizado na Suíça, regista a maior média de golos por jogo dos Mundiais, tendo-se registado 140 golos em 26 jogos. A Alemanha sagrou-se campeã desta edição.
![1958](https://static.publico.pt/Multimedia/Infografias/269/img/1958.png)
Top Star
1958
Suécia
Com 24 gomos e uma costura em ziguezague, a bola Top Star tinha menos pressão do que as das edições anteriores. Era revestida também em couro e desconhece-se o seu peso. Antes de ser eleita como a bola oficial do Campeonato do Mundo em 1958, na Suécia, a FIFA realizou alguns testes em Estocolmo com, aproximadamente, 100 bolas distintas. Quem ganhou foi o modelo Top Star, de uma empresa sueca. Foi com esta bola que Pelé e Garrincha encantaram o mundo inteiro. O Brasil foi o campeão pela primeira vez na história dos Mundiais.
![1962](https://static.publico.pt/Multimedia/Infografias/269/img/1962.png)
Mr. Crack
1962
Chile
Mais uma bola revestida a couro, com apenas dez gomos, uma redução significativa na história das bolas dos Mundiais. Em tons castanhos (cor original do material com que era fabricado), tinha um senão: perdia a cor quando ficava ao sol, o que era péssimo para os jogadores e os árbitros. Mas nem tudo são pontos negativos: o formato dos gomos da bola foi alterado para tentar minimizar a infiltração da água em dias chuvosos, facilitando em muito a vida dos jogadores. Nesta edição do Campeonato do Mundo, o Brasil sagrou-se, pela segunda vez, campeão do mundo.
![1966](https://static.publico.pt/Multimedia/Infografias/269/img/1966.png)
Challenge 4-Star
1966
Inglaterra
Fabricada pelo inglês Slazenger (escolhido entre os fabricantes que levaram amostras à FIFA), a bola Challenge 4-star teve direito a 24 gomos, mais 14 do que a bola do Mundial anterior, e foi produzida em couro, tal como que as anteriores, mas pela última vez. De cor castanha (a bola utilizada na final, entre Inglaterra e Alemanha, tinha uma cor mais avermelhada), assemelhava-se à bola do Mundial de 1958, a Top Star, pelas suas costuras. Também não existe registo do seu peso. Com 300 unidades produzidas, esta bola ficou conhecida como a “Special Edition” no Mundial feito em Inglaterra, e ganho pela selecção inglesa.
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