BE quer ouvir administração e chefes de equipa demissionários do Centro Hospitalar de Lisboa Central

Chefes de equipa de medicina interna e cirurgia geral do Centro Hospitalar de Lisboa Central apresentaram a demissão na sexta-feira por consideram que as condições da urgência do hospital de São José não têm níveis de segurança aceitáveis.

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Mário Lopes Pereira

O Bloco de Esquerda requereu esta sexta-feira uma audição urgente no parlamento dos chefes de equipa demissionários do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC), que alegaram ausência de condições de segurança nas urgências, assim como do seu Conselho de Administração.

Numa carta a que a agência Lusa teve acesso, estes profissionais demissionários alertaram para a consecutiva degradação da assistência médica prestada no serviço de urgência do Hospital São José, em Lisboa, considerando que se chegou a uma "situação de emergência" que impõe "um plano de catástrofe".

O Bloco de Esquerda solicitou que o pedido para ouvir os demissionários do CHLC e a sua administração possa ser discutido na próxima reunião da Comissão Parlamentar de Saúde, na quarta-feira.

"Estamos a falar de um hospital central, que presta dos cuidados mais diferenciados do país, com serviço de urgência polivalente e para o qual são encaminhados doentes de vários outros hospitais, principalmente os casos mais complicados. As denúncias feitas pelos chefes de equipa demissionários são, por isso, particularmente graves e devem ser escalpelizadas, nomeadamente pelo parlamento", justifica-se no requerimento do Bloco de Esquerda.

Tendo em conta o nível de diferenciação das unidades que integram o CHLC, em particular o São José, o Bloco de Esquerda considera "particularmente grave a perda de capacidades formativas, assim como a incapacidade para captar ou fixar médicos especialistas".

"A administração do CHLC já disse publicamente reconhecer o essencial das queixas. Mas reconhecer a situação não basta, pelo que o Bloco de Esquerda pretende que a administração preste declarações na Assembleia da República, não só para reconhecer os problemas, mas para explicar as causas e, acima de tudo, o porquê de não se terem encontrado soluções", salienta-se ainda na exposição de motivos sobre as audições requeridas com carácter de urgência.

Numa nota política dirigida ao Governo, o Bloco de Esquerda adverte que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) "é fundamental para os cidadãos e para o país".

"A não contratação, a incapacidade de captação e de fixação de profissionais, a perda de diferenciação e a perda de capacidade de formação são sintomas que devem merecer a maior preocupação e para os quais é preciso ter medidas e soluções", acrescenta-se no mesmo documento.