EKUI, o baralho de cartas para a alfabetização inclusiva, recebe Prémio Maria José Nogueira Pinto
O projecto EKUI, que conjuga quatro formas de comunicação num baralho de cartas, foi distinguido com o prémio Maria José Nogueira Pinto. O primeiro lugar permitiu a finalização da app que transporta esta forma de alfabetização para o meio digital.
Celmira Macedo é professora de Educação Especial. Com o tempo, foi-se apercebendo que quando “dava uma pista visual aos alunos, eles aprendiam mais rapidamente as letras do alfabeto, e quando acrescentava a componente fonética eles faziam a associação entre grafema e fonema mais facilmente.” Foi esta a semente para a criação do EKUI (Equidade, knowledge, Universalidade e Inclusão), um baralho de cartas que conjuga a língua gestual, o braille, o grafismo e a fonética do alfabeto — desenvolvido pela Associação Leque e criado por esta professora. O facto de ter tido um AVC que a privou de comunicar com outras pessoas que não dominavam a língua gestual, também foi importante na concepção desta ideia que promove a alfabetização inclusiva.
Pelo seu conceito “socialmente responsável” o projecto é o vencedor do prémio Maria José Nogueira Pinto (uma iniciativa de responsabilidade social da farmacêutica MSD). O primeiro lugar valeu ao EKUI o prémio no valor de dez mil euros. Contando que vão receber essa quantia, foi possível finalizar a app que transforma o baralho de cartas numa ferramenta digital.
A professora responsável pelo projecto defende que esta é uma forma de alfabetização com um custo de intervenção por criança inferior a um euro e que não é só aplicável a crianças com necessidades especiais. “Temos terapeutas da fala que nos reportam resultados muito positivos no trabalho da articulação fonética com adultos, por exemplo em situação de AVC.” E também há casos de imigrantes que não conhecem a língua portuguesa e recorrem ao EKUI para tentar dominar os nossos fonemas.
Passados três anos da criação do projecto, que já é utilizado em 133 turmas do 1.º ciclo do ensino básico, a professora faz um balanço positivo: duas mil crianças já foram alfabetizadas através desta metodologia e outras 30 mil pessoas já tiveram contacto com o EKUI.
“Está comprovado que esta metodologia, sendo inclusiva, é eficaz e está a ajudar a poupar milhares de euros ao Estado e às famílias porque estamos a conseguir identificar nas escolas os problemas que as crianças evidenciam muito mais precocemente”, defende Celmira Macedo.
Cada baralho de cartas custa 14,99 euros e pode ser adquirido online. A app está disponível por 6,99 euros.
O júri do prémio Maria José Nogueira Pinto é composto por Maria de Belém, ex-ministra da Saúde, Jaime Nogueira Pinto, escritor e empresário, e Clara Carneiro, docente no Instituto Egas Moniz, entre outros.
Além do EKUI, o júri atribuiu também quatro menções honrosas. A 6.ª edição do prémio recebeu candidaturas de 125 projectos.
Os vencedores são apresentados nesta quinta-feira, na Casa-Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa pelas 17h30.