Trump pediu mais contribuições para a Nato e Portugal já respondeu
Solução consiste num “plano credível” que será discutida na Cimeira da Aliança da próxima semana, em Bruxelas. O assunto foi tratado pelo Governo e fez parte dos temas discutidos entre Trump e Marcelo, na Casa Branca.
As mensagens enviadas pelo Presidente dos Estados Unidos a vários países da NATO, sobretudo europeus - entre os quais Portugal e Espanha -, queixando-se das contribuições insuficientes para a Aliança Atlântica, são anteriores às cimeiras que Donald Trump teve nas duas últimas semanas com o Presidente da República luso e o Rei Filipe VI, apurou o PÚBLICO. Portugal já apresentou um “plano credível” para atingir as metas, que será discutido na próxima Cimeira da Aliança, no final da semana que vem.
Nesta terça-feira, o jornal New York Times noticia que o Presidente dos EUA enviou em Junho mensagens a chefes de Estado de vários aliados da NATO, em particular aos governos de Portugal, Espanha, Alemanha, Noruega, Bélgica, Itália, Holanda e Luxemburgo, mas também do Canadá.
Nas cartas, Trump refere que em 2017 formulou queixas em privado e em público para pressionar os países da NATO a contribuírem com 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para a defesa comum. Agora, quando faltam menos de dez dias para a Cimeira da Nato, agendada para 11 e 12 de Julho, em Bruxelas, as mensagens tornaram-se públicas.
Segundo a notícia, Trump indica que os pagamentos não foram “suficientes” acrescentando que na sequência da situação os Estados Unidos podem vir a reconsiderar a “presença militar” a nível mundial. “Como discutimos durante a visita em Abril, verifica-se uma frustração que é crescente nos Estados Unidos em relação a alguns aliados que não deram o passo seguinte, tal como tinham prometido”, diz Trump na mensagem enviada a Angela Merkel.
“Os Estados Unidos continuam a contribuir com mais recursos para a defesa da Europa numa altura em que a economia europeia se encontra bem. Isto já não é sustentável para nós [Estados Unidos]”, sublinha Trump.
A questão das contribuições de Portugal para a NATO esteve em cima da mesa da reunião de trabalho que Marcelo Rebelo de Sousa e Donald Trump tiveram na semana passada em Washington, e tinha sido previamente trabalhada nos encontros de alto nível que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, manteve antes da cimeira entre os dois chefes de Estado.
Portugal propôs então uma solução para as suas contribuições para a NATO, cujos contornos ainda não são oficialmente conhecidos, pois irão ser discutidas na Cimeira de Bruxelas, na próxima semana. Mas a declaração conjunta de imprensa publicada pela Presidência da República após a visita refere-se explicitamente ao tema.
“Os dois Presidentes discutiram os fortes laços atlânticos entre os Estados Unidos e Portugal, bem como as oportunidades para expandir a parceria bilateral de segurança, incluindo os esforços conjuntos para fortalecimento da OTAN [sigla em português das Organização do Tratado do Atlântico Norte] e o plano credível de Portugal para atingir as metas de despesa com defesa da Aliança”, lê-se nessa declaração, onde também se refere ter sido discutida “a localização estratégica do Arquipélago dos Açores para a segurança do Atlântico”.
O DN acrescenta que o primeiro-ministro, António Costa, enviou ao secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, a proposta portuguesa para atingir os 2% do PIB em gastos com Defesa, a qual incluirá a aquisição dos aviões militares KC-390, de mais navios de patrulha oceânica, assim como a compra de viaturas blindadas, armas ligeiras ou sistemas de comando e controlo.
Os chefes de Estado e de Governo da NATO reúnem-se na próxima semana em Bruxelas e a questão das contribuições dos diferentes países membros volta a estar no centro das atenções, com Donald Trump a insistir que os EUA pagam muito mais que o devido.
Desde que foi eleito presidente dos Estados Unidos, Trump queixa-se de que Washington gasta demasiados recursos com a Aliança Atlântica e tem criticado a situação, de forma reiterada, aos líderes dos vários países.
Trump chegou a considerar a NATO “uma organização obsoleta” durante a campanha presidencial. Com Lusa