Vinte e oito anos após a morte do artista de rua Keith Haring, Amesterdão exibe um mural pintado pelo activista coberto há várias décadas.
O artista norte-americano esteve de visita à cidade em 1986, para uma exposição individual no Museu Stedelijk. A obra de arte, pintada no mesmo ano na fachada do armazém do museu, foi coberta dois anos mais tarde por painéis de alumínio, de forma a regular a temperatura no interior do edifício. Durante 30 anos, o desenho em linha branca, com cerca de 15 metros de altura, não viu a luz do dia.
Graças à mudança de local do armazém do museu, quem hoje passa na rua West Willem de Zwijgerlaan pode voltar a ver o mural, o maior em espaço público feito por Keith Haring na Europa, como escreve o museu no Facebook. O mural, que terá demorado apenas dois dias a estar concluído, representa uma criatura mítica com cabeça de cão montada por uma das célebres figuras de Haring marcada com um X. O edifício que o expõe é agora um centro comercial e de distribuição da Markt Kwartier West.
Como relembra o portal Artnet News, a graffiter Aileen Middel, mais conhecida como Mick La Rock, foi uma das artistas que mais impulsinou o regresso do mural de Keith Haring. Na cerimónia que deu as boas vindas à obra de arte estiveram também presentes o director do Museu Stedelijk, Jan Willem Sieburgh, e a directora da Fundação Keith Haring em Nova Iorque, Julia Gruen.
Keith Haring (1958 - 1990) nasceu em Reading, na Pensilvânia, nos EUA, mas foi em Nova Iorque que se instalou e desenvolveu o seu trabalho artístico. Na verdade, não foi apenas artista de rua, embora tenha sido um dos principais rostos da cultura de rua daquela cidade na década de 80.
O artista "participou activamente na vida da comunidade artística na vibrante East Village do início dos anos 80, altura em que o uso do espaço urbano como forma de arte se expandia, e ele próprio se permitia explorar a sua expressão artística, para além daquilo que lhe era proposto nas aulas", como escrevia Ana Duarte Carmo no PÚBLICO. Haring criou uma iconografia muito própria, assinou capas de discos, nomeadamente de David Bowie (o single Without You), e não abdicou de intervir politicamente em temas como o HIV e a discriminação homossexual.