Há quatro projectos portugueses na corrida aos prémios RegioStars 2018
Casa do “Kastelo”, instituto I3S, Centro de Negócios do Fundão e o património da Vista Alegre são candidatos ao galardão que já veio quatro vezes para Portugal.
A edição deste ano dos Prémios RegioStars, atribuídos pela Comissão Europeia, conta com quatro finalistas portugueses – dois da região Norte e dois do Centro. O galardão, que visa destacar projectos originais e inovadores apoiados por fundos europeus, já veio quatro vezes para Portugal. Resta agora saber se o feito volta a ser repetido pela “Kastelo”, instituto “i3S”, Centro de Negócios do Fundão ou pelo Museu do Património da Vista Alegre. Os vencedores só irão ser conhecidos a 9 de Outubro, durante a Semana Europeia das Regiões e Cidades, mas Portugal já conseguiu essa grande vitória: tem quatro nomeados num total de 21.
Um dos finalistas é a casa “Kastelo”, a primeira unidade de cuidados continuados pediátricos constituída na Península Ibérica, que comemorou agora dois anos de vida – foi inaugurada a 24 de Junho de 2016. Resultante do esforço e empenho da associação “Nomeiodonada”, esta unidade veio dar resposta às crianças que necessitam de cuidados continuados e paliativos.
Para tornar este projecto realidade foi preciso adaptar a antiga casa senhorial – deixada em testamento, no século passado, por Marta Ortigão às irmãs hospitaleiras do hospital pediátrico Maria Pia para benefício de crianças “doentes ou desamparadas” – localizada na Rua Godinho Faria, em São Mamede de Infesta, Matosinhos.
O edifício tinha permanecido encerrado ao longo de algumas décadas, até que o Centro Hospitalar do Porto concedeu à associação o direito de superfície por 28 anos. Para o requalificar e adaptar foi necessário avançar com uma obra que custou cerca de 2,3 milhões de euros e que é, agora, finalista aos RegioStars na categoria “Criando um melhor acesso aos serviços públicos” (os prémios RegioStars 2018 estão divididos em cinco categorias).
Quem também acabou de comemorar mais um aniversário e acaba por receber esta nomeação quase que em jeito de prenda é o Museu da Vista Alegre — a unidade museológica situada em Ílhavo celebrou 54 anos de vida. Na verdade, o projecto que está na corrida aos prémios que são considerados uma espécie de “óscares europeus” para projectos de desenvolvimento regional, é mais abrangente. Além do museu propriamente dito, engloba o restante conjunto arquitectónico da envolvente da histórica fábrica de porcelanas.
Em causa está o chamado Museu do Património da Vista Alegre e que engloba o teatro, a fábrica, a capela, o bairro operário e o hotel de cinco estrelas que ali foi construído no âmbito da requalificação e preservação de todo aquele património arquitectónico repleto de história – a fábrica tem quase 200 anos de existência (foi fundada em 1824). Candidato aos RegioStars na categoria “Investir no património cultural”, este “projecto integrado permitiu a preservação de um património cultural internacional, salvando a marca da ruína e contribuindo para o aumento do turismo na região”, destacou a CCDRC (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro), em comunicado. O financiamento europeu para este projecto ascendeu a cerca de 2,2 milhões de euros, mas, no global, a Vista Alegre recebeu investimentos na ordem dos 44 milhões de euros.
Norte e Centro competem na mesma categoria
Outro dos finalistas da edição deste ano é o I3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, do Porto. Um “superlaboratório” que resulta da união de três dos mais conceituados centros científicos da Universidade do Porto (UP) – o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), o Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB) e o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular (Ipatimup). Assume-se como o maior instituto de investigação português na área das ciências da saúde, agregando mais de mil colaboradores, 800 dos quais cientistas dedicados ao desenvolvimento de respostas aos maiores desafios da saúde da actualidade: cancro, neurobiologia e doenças neurológicas e interacção e resposta do hospedeiro.
Para albergar este instituto, foi construído de raiz, no Polo Universitário da Asprela da UP, um novo edifício de 18 mil metros quadrados. A empreitada custou cerca de 21,5 milhões de euros e financiada em 18 milhões por fundos comunitários no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte, o “ON.2 – O Novo Norte”.
Inaugurado em Maio de 2016, este instituto de referência é candidato na categoria “Apoiar a transição industrial inteligente”, competindo, assim, directamente com um outro projecto nacional: o Centro de Negócios e Serviços Partilhados do Fundão, financiado pelo Programa Operacional Regional do Centro, em cerca de 2,1 milhões de euros.
“Concebido como motor da estratégia local de inovação e investimento, o Centro de Negócios e Serviços Partilhados do Fundão permitiu atrair 14 empresas TICE e criar 500 postos de trabalho altamente qualificados numa cidade de cariz rural com menos de 15.000 habitantes”, evidenciou a CCDRC. Em quatro anos, o projecto conseguiu impulsionar “um ecossistema integrado que gerou 68 startups e deu suporte a mais de 200 projectos de investimento privado”, é acrescentado na mesma nota.
Das dez edições já realizadas, Portugal saiu vencedor em quatro. A última vitória aconteceu em 2016 e foi dirigida ao projecto de aproveitamento de resíduos florestais e agrícolas da BLC3, associação com base em Oliveira do Hospital, na região Centro. Antes disso, já tinham recebido o prémio o projecto luso-espanhol das cidades de Chaves e Verín, o Parque de Ciências e Tecnologia da Universidade do Porto e o projecto Art on Chairs do município de Paredes.