Fotogalerias
À descoberta de um Irão desconhecido
O fotógrafo italiano Simone Tramonte descreve o Irão como “um país diferente daquele que o mundo conhece”, composto por uma população que lida diariamente com o choque entre um regime político-religioso “repressivo” e a tendência para a modernização e ocidentalização do seu modo de vida. “É um país onde, inevitavelmente, o passado, o presente e o futuro se confrontam”, refere na sinopse do projecto Iran Coming Soon. “Em Teerão, é possível perdermo-nos no mercado local, entre coloridas especiarias, tapetes ‘das mil e uma noites’ e chás perfumados; mas, no momento em que abandonamos o bazaar, perdemo-nos numa metropolis moderna, recheada de arranha-céus e centros comerciais luxuosos.”
O Irão é, na opinião do fotógrafo italiano, um país incompreendido pelos observadores internacionais. “Existe uma tendência para ler a sua realidade à luz de estereótipos.” Mas não existe, no Irão, apenas uma forma de viver. “Nem todas as mulheres cobrem o rosto com burqas”, por exemplo. “No Irão, os jovens são emotivos, divertem-se, reúnem-se em bares e discotecas, são apegados aos seus smartphones e às redes sociais. No Irão, há sobretudo pessoas normais, de carne e osso, que estão cansadas de serem escrutinadas sob o filtro do desconhecimento.”
Devido às sanções económicas impostas por vários estados mundiais — que encontraram base na política nuclear “ambígua” praticada pelo país —, o Irão passou “quase 50 anos imerso em obscurantismo”, refere Tramonte. A integração do Irão no famoso Eixo do Mal, criado durante a legislatura do ex-presidente norte-americano George Bush, em 2002, é uma das razões apontadas pela fotógrafo para esse isolamento.
Actualmente, o país tenta recuperar o seu lugar no mundo e sacudir a imagem negativa que sente como imerecida. A República Islâmica do Irão, “apesar de imersa em problemas e contradições, é composta por homens, mulheres, memórias, tradições, esperanças e anseios que existem para além das leis corânicas vigentes”.