Para Fernando Negrão, esquecimento do interior foi responsável pela tragédia
Líder Parlamentar do PSD defende a necessidade de medidas de aproximação, para reduzir desequilíbrio entre interior e litoral.
O líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, disse este domingo, no concelho de Pedrógão Grande, que o país se esqueceu do interior e que são precisas duas décadas de políticas de aproximação para equilibrar o desenvolvimento com o litoral.
"Há um problema desproporcional entre o litoral e o interior e só uma razão para isso: esquecemo-nos do interior do país", referiu o deputado social-democrata, em Vila Facaia, onde participou numa missa em memória das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, ocorrido há um ano.
Aos jornalistas, Fernando Negrão insistiu que "hoje é dia para lamentar o que aconteceu há um ano, recordar o que se passou para que não se repita e para prestar homenagem aos que faleceram e aos que enfrentaram o drama dos incêndios", mas deixou escapar que "basta ler a imprensa do fim-de-semana para ver que o que se fez foi muito pouco".
Para o líder da bancada parlamentar do PSD, o esquecimento a que o interior foi votado "é a causa disto tudo e, portanto, precisamos de mudar de atitude relativamente a esta situação, precisamos de ter políticas para o interior do país que fixem as pessoas".
"O país não pode responder na totalidade [com medidas] nos próximos anos, mas têm de haver uma ou duas décadas de políticas de aproximação do desenvolvimento do interior com o litoral e isso tem de ser calendarizado e ter consenso e, principalmente, efectiva vontade política, que não tem acontecido", salientou.
O deputado social-democrata considera que, "de uma vez por toda, temos de começar a olhar para o interior de outra forma", referindo que as coisas já mudaram no último ano "com um motor que tem sido o Presidente da República, que está presente em todas as horas que o povo do interior precisou e precisa e que tem puxado os partidos políticos para as políticas do interior".
Fernando Negrão disse ainda que a realidade não "nos deixa descansados" e que se deve manter o alerta para que não aconteça tragédias iguais às de 2017, embora reconheça que os portugueses estejam "mais conscientes, e isso é uma ajuda, e um bocadinho mais preparados".
O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), em 17 de Junho, e alastrou a concelhos vizinhos provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.
As chamas, extintas uma semana depois, destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.
Em Outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortes, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos em 2017.