Pela primeira vez, um Mundial (2026) vai ser organizado por três países
Proposta conjunta de México, EUA e Canadá ultrapassou candidatura marroquina. Organizadores estimam receitas na ordem dos nove mil milhões de euros.
O México, os Estados Unidos e o Canadá vão receber o Mundial de futebol em 2026, decidiu esta quarta-feira o Congresso da FIFA, reunido em Moscovo. A proposta conjunta sobrepôs-se à candidatura de Marrocos, derrotada pela quinta vez. O Mundial de 2026 contará com a participação de 48 equipas, ao invés das tradicionais 32 formações.
A candidatura conjunta, a primeira com três países, recebeu 134 votos, contra os 65 de Marrocos, numa votação em que houve uma abstenção. Das 80 partidas que irão ser disputadas na competição, 60 terão lugar nos Estados Unidos, dez no Canadá e as restantes dez no México.
A final será jogada em Nova Jérsia, no MetLife Stadium, com capacidade para 82.500 espectadores. As infra-estruturas foram uma das vantagens da candidatura norte-americana, face à marroquina: os 23 estádios propostos pelos países já existem, bem como grande parte dos hotéis e centros de treino, não sendo necessários grandes empreendimentos.
No caso de vitória marroquina, teriam obrigatoriamente de ser construídos nove estádios e outros cinco receberiam renovações estruturais. Para além dos recintos desportivos, existia a necessidade do investimento em acessos — auto-estradas e caminhos ferroviários —, acomodação e outras infra-estruturas. Depois das facturas astronómicas no Brasil (2014), Rússia (2018) e, muito seguramente, no Qatar (2022), a FIFA fez a escolha menos dispendiosa.
Outra das vantagens da proposta vencedora foi a projecção financeira: EUA, Canadá e México estimaram lucros na ordem dos nove mil milhões de euros, mais do dobro das receitas apresentadas pela candidatura marroquina.
Este será o quarto Mundial organizado por países da CONCACAF (América do Norte, Central e Caraíbas), depois de o México ter acolhido os torneios de 1970 e 1986 e os Estados Unidos o de 1994. O Canadá receberá, pela primeira vez, esta competição de futebol. "Muito obrigado pelo incrível privilégio. O único vencedor, hoje, é o futebol", disse Carlos Cordeiro, presidente da federação de futebol norte-americana, logo após a decisão.
A vitória conjunta acontece numa altura em que os Estados Unidos, o Canadá e o México estão envolvidos numa grave crise comercial. Com receio que o factor Trump tivesse uma repercussão negativa nas hipóteses da candidatura, foi o próprio presidente a enviar um conjunto de cartas, endereçadas ao presidente da FIFA, Gianni Infantino. Nesses documentos revelados pelo New York Times, o executivo norte-americano prometeu não colocar qualquer entrave à entrada dos jogadores, equipas técnicas e adeptos das selecções que se apurem para o Mundial de 2026.
Ainda antes de a competição rumar ao continente americano irá passar pelo Médio Oriente, sendo recebida pelo Qatar em 2022. O executivo catari não tem olhado a despesas, construindo, de raiz, praticamente todos os estádios e infra-estruturas necessários à competição.
Texto editado por Jorge Miguel Matias