PCP diz que pensões dos europeus estão ameaçadas
Eurodeputado João Ferreira afirma que Comissão Europeia quer entregar pensões a fundo privado dos EUA.
O eurodeputado comunista João Ferreira acusa a Comissão Europeia de “estar apostada em entregar ao colosso financeiro norte-americano BlackRock as pensões de milhões de europeus.
Numa intervenção feita na segunda-feira no Parlamento Europeu, João Ferreira acusa mesmo altos quadros da Comissão Europeia e o vice-presidente Valdis Dombrovskis de terem tido “comprometedoras reuniões com altos responsáveis da BlackRock, empresa americana que se tornou, depois da crise financeira, a maior gestora de fundos do mundo.
“No linguajar da burocracia europeia diz-se que o objectivo é triplicar o mercado interno dos fundos de pensões até aos 2,1 biliões de euros. Traduzindo, trata-se de um ataque aos sistemas públicos de segurança social universais, visando o seu desmantelamento”, acusou o eurodeputado do PCP.
“São os mesmos senhores que nas ‘recomendações por país’ do Semestre Europeu não se cansam de alertar para a insustentabilidade dos sistemas públicos de pensões. Que defendem e impõem cortes nas pensões. Percebemos agora porquê. Até os argumentos utilizados aparecem decalcados do argumentário da BlackRock”, acrescentou. João Ferreira disse ainda que a empresa norte-americana “tem sido muito generosa com ex-responsáveis políticos europeus aos quais reconhece os bons ofícios. Leia-se: fazer das pensões um negócio, entregando-as aos privados”, salientou
Mais do que explicações, o eurodeputado exige “a retirada imediata da proposta que apresentaram” à empresa. “Queremos as vossas mãos fora das nossas pensões!”
No início de 2015, num documento chamado "A união dos mercados de capitais: uma perspectiva de investidor", a BlackRock fazia uma proposta à Comissão Europeia: a UE devia avaliar a possibilidade de criar um fundo "de pensões pessoais transfronteiriço". Nessa altura não existia nada de semelhante na legislação europeia, segundo noticiou o Diário de Notícias. Pouco mais de um ano depois, em Julho de 2016, a Comissão Europeia iniciou-o.
Esta é uma decisão política importante que pode, segundo estudos da CE, atingir 240 milhões de cidadãos europeus (metade da população da UE). Com isso, estima a Comissão, o mercado interno dos fundos de pensões pode triplicar de valor até 2030: dos atuais 700 mil milhões de euros para 2,1 biliões. Só isto já tornaria o Plano Europeu de Pensões Pessoais (PEPP) um dos mais ambiciosos projectos da Comissão.