Milhões retirados do Benfica através de serviços fictícios

No espaço de meses instalações do Benfica foram alvo da terceira operação de buscas. Além desta nova investigação há mais outros três inquéritos-crimes que visam o clube ou seus responsáveis.

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O Benfica terá montado um esquema que passava por usar várias empresas, uma das quais da área informática, que ficcionariam prestações de serviços que permitiam retirar milhões de euros do clube. O Ministério Público e a Polícia Judiciária ainda estão a investigar qual era o objectivo desta “lavagem de dinheiro” e em que foram usados os milhões que o clube retirou, sob uma capa de legalidade, das suas contas.

Pelo menos perto de 1,9 milhões de euros acabaram por ser levantados em dinheiro vivo. O montante e o esquema é descrito pela Procuradoria-Geral-Distrital de Lisboa numa nota em que confirma a constituição de seis arguidos (três pessoas singulares e três pessoas colectivas) numa operação que decorreu esta terça-feira e foi noticiada em primeira mão pelo Jornal de Notícias.

No comunicado, o Ministério Público precisa que está a investigar crimes de branqueamento de capitais e fraude fiscal, adiantando que na operação foram emitidos oito mandados de busca (três domiciliárias e cinco não domiciliárias). Duas das visadas, especifica a nota, foram as sociedades Sport Lisboa e Benfica SAD e a Benfica Estádio Construção Gestão Estádios, SA. 

"Indicia-se suficientemente nos autos que estas sociedades, a coberto de uma suposta prestação de serviços de consultoria informática, realizaram várias transferências bancárias para uma conta titulada por uma outra sociedade, num valor total de 1.896.660€, montantes esses que acabavam depois por ser levantados em numerário", lê-se na nota. E acrescenta-se: "Esta última sociedade terá sido utilizada com o único propósito de retirar dinheiro das contas do Benfica".

As buscas realizadas esta terça-feira envolveram 25 inspectores da Polícia Judiciária, parte dos quais visitou de forma discreta as instalações do Benfica, que nos últimos meses já foram alvo de buscas em três situações distintas. A meio da manhã desta quarta-feira, o Benfica reagia em comunicado à manchete do Jornal de Notícias, dizendo que a informação de que o clube está a ser investigado “é falsa e carece de qualquer fundamento”.

No entanto, o comunicado da Procuradoria-Geral-Distrital de Lisboa deixou poucas margens para dúvidas. Depois de identificar as duas sociedades do Benfica que foram alvo de buscas, a nota diz que há indícios suficientes nos autos "que estas sociedades, a coberto de uma suposta prestação de serviços de consultoria informática, realizaram várias transferências bancárias para uma conta titulada por uma outra sociedade, num valor total de 1.896.660€, montantes esses que acabavam depois por ser levantados em numerário". E acrescenta-se: "Esta última sociedade terá sido utilizada com o único propósito de retirar dinheiro das contas do Benfica".

As buscas foram levadas a cabo por elementos da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, mas não têm qualquer relação com os processos anteriores que visam o clube. Neste momento há pelo menos três inquéritos-crime que envolvem o Benfica a correr na Justiça portuguesa, sendo um deles, conhecido como o caso dos emails, uma mega investigação que agregou outros processos. Nos últimos meses, pelo menos três altos responsáveis do Benfica foram constituídos arguidos no âmbito destas investigações, um rol que inclui o próprio presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o seu vice-presidente Fernando Tavares. O assessor jurídico do clube, Paulo Gonçalves, é arguido em dois inquéritos diferentes, o dos emails e o E-Toupeira.

Tentando descolar-se deste novo caso, o Benfica afirmava no comunicado que foi “solicitada e recolhida informação junto dos serviços do clube” na sequência de uma investigação que envolve empresas terceiras que prestam serviços ao Benfica. Na nota, o clube diz estar a ser “levianamente difamado”, alegando existir uma “violação grosseira do segredo de justiça, desvirtuando factos e procurando centrar no SLB a investigação”, razão pela qual avançará com uma queixa-crime.

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