Rajoy deixa liderança do PP e convoca congresso extraordinário

Mariano Rajoy foi derrubado da liderança do Governo por uma moção de censura apresentada pelos socialistas. Agora, deixa a liderança do partido.

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Rajoy centrou o seu discurso nas críticas ao novo Governo liderado pelo PSOE Juan Carlos Hidalgo/EPA

Mariano Rajoy, até à semana passada presidente do Governo espanhol e líder do Partido Popular (PP), anunciou nesta terça-feira, no Comité Executivo Nacional do partido, que vai abdicar da liderança do PP depois de ter sido destituído do executivo. 

"Durante 37 anos servi o partido", disse na primeira intervenção pública desde que foi derrubado da liderança do Governo espanhol. "Cumpri o meu dever onde me pediram. É o momento de por um ponto final. O PP deve seguir com outro líder. É o melhor para o PP e para mim.

"Tive o privilégio de ser presidente do PP durante 14 anos, os melhores da minha vida política", referiu ainda Rajoy no final do seu discurso.

Ainda antes de anunciar a sua despedida do partido, e na primeira aparição pública desde que foi destituído pela moção de censura apresentada pelo líder socialista Pedro Sánchez, na sequência das sentenças do chamado "caso Gürtel", Rajoy centrou o seu discurso nas críticas ao novo Governo liderado pelo PSOE.

Nos últimos dias cresceu a dúvida sobre que decisão tomaria Rajoy relativamente ao seu futuro na liderança do PP, numa altura em que o partido passou para a oposição e tem de preparar as eleições municipais e autonómicas que se realizam no próximo ano. Vinha sendo noticiado que cada vez mais "barões" do partido defendiam uma mudança para enfrentar os futuros processos eleitorais e também para organizar a oposição ao frágil executivo socialista.

“O PSOE dilapidou toda a sua herança para embarcar num projecto muito incerto e com maus companheiros de viagem. A esquerda mais radical populista e os independentistas sectários”, disse, referindo-se ao apoio que os nacionalistas bascos e independentistas catalães deram a Sánchez e da qual depende agora o socialista para governar, já que conta com apenas 84 deputados.

“Este estigma acompanhará este Governo desde o primeiro momento da sua existência até ao final”, atirou, acrescentando que Sánchez conseguiu reunir uma maioria para derrubar o anterior Governo do PP mas questiona se o conseguirá fazer para governar.

“O Governo nasce com uma debilidade extrema, e surge com um Orçamento que nós aprovámos e a que alguns dos apoios do senhor Sánchez vetaram”, continuou, lembrando que o líder socialista “nunca ganhou umas eleições”. 

Rajoy expressou também preocupação em relação à gestão da situação na Catalunha com um executivo tão frágil e recordou a sua própria actuação na contenção do processo independentista, admitindo, no entanto, “alguns erros”: “Impedimos Puigdemont de ser presidente da Generalitat. Já sei que há opiniões para todos os gostos sobre isto”.

“Provavelmente cometemos alguns erros, mas não há independência”, disse, afirmando ainda que o governo regional catalão “tem o direito a governar se ganha as eleições, mas não pode passar por cima da lei e da vontade dos cidadãos”.

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