PS teve saldo positivo de 723 mil euros em 2017
O PS reduziu despesa corrente em 7,1% e baixou o endividamento global em 1,9 milhões, o que resulta de menos 700 milhões na dívida bancária e 1,2 milhões na aos fornecedores.
O PS teve um saldo positivo de 723.463,49 euros durante o ano de 2017, mais 183,2% do que em 2016, quando tinha tido 255.460,14 euros, explicou ao PÚBLICO Luís Patrão, secretário nacional do PS com o pelouro da Administração e Finanças do partido.
Confirma-se assim a tendência positiva que foi atingida o ano passado pela primeira vez desde 2012, de acordo com o Relatório e Contas de 2017 que, na sexta-feira à tarde, foi entregue no Tribunal Constitucional e que na quarta-feira à noite será apresentado à Comissão Nacional do PS, que nessa reunião elegerá também o Secretariado e a Comissão Permanente do partido proposta por António Costa e anunciada no primeiro dia do 22º Congresso.
Em relação às dívidas do PS, Luís Patrão sublinhou que “o endividamento global reduziu-se em 1,9 milhões, dos quais 700 milhões na dívida bancária e 1,2 milhões na dívida aos fornecedores”. Recorde-se que, como o PÚBLICO noticiou quando divulgou as contas do PS em relação a 2016, a actual direcção do PS renegociou o pagamento da sua dívida com bancos e fornecedores. Neste momento, a dívida do PS aos bancos ascende a dez milhões de euros, quando em 2016 era de 10,7 milhões e a dívida aos fornecedores é de 1,2 milhões quando há um ano era de 2,4 milhões, concretizou Luís Patrão.
No documento a que o PÚBLICO teve acesso, o activo indicado é de 20.389.335,24 e o passivo de 25.659.324,80. Mas na análise destes números deve ser tido em conta o facto de ter sido pedido pelo PS “um empréstimo bancário de doze milhões para as eleições autárquicas, que foi pago por duas vezes”, consoante o PS recebeu “as subvenções eleitorais estatais em duas prestações”, explica Luís Patrão, acrescentando que a segunda, “de cerca de seis milhões de euros, chegou nos últimos dias de Dezembro e o empréstimo foi liquidado em início de Janeiro”, por isso não aparece nas contas de 2017.
Assim, afirma Luís Patrão, na análise do relatório, “devem ser abatidos esses seis milhões ao passivo, bem como ao activo, uma vez que o empréstimo está pago”. Descontando essa verba referente ao pagamento do empréstimo o passivo do PS fica em cerca de 19,6 milhões de euros, o que representa uma redução de um milhão de euros em relação a 2016, quando o passivo foi de 20,7 milhões de euros, acrescenta o responsável pela administração financeira do PS.
Quanto aos resultados operacionais, Luís Patrão conclui que foram positivos e atingiram 1,261 milhões de euros. Já em relação ao fundo de capital do PS (o equivalente ao capital social), o responsável pelas contas diz que ele “melhorou em cerca de 750 mil euros”, ainda que atingindo o valor negativo de 5.269.989,56 euros.
Redução de custos
O Relatório e Contas do PS mostra que o partido teve um total de rendimentos de 7.938.761,37 euros e um total de gastos de 7.215.297.88 euros. Esta gestão positiva das contas deve-se, segundo Luís Patrão, à continuação da política de “redução de gastos”.
Por sua vez, os rendimentos de actividade corrente ascenderam a 7.938.584,09, menos 1,4% que no ano anterior, mas foram compensados por gastos de actividade corrente do partido e das suas estruturas a nível nacional de menos 7,1% do que no ano anterior, tendo atingido em 2017 6.971.236,63 euros.
Luís Patrão sublinhou que nesta redução de gastos houve “uma diminuição de 750 mil euros em compras de bens e serviços externos”. Além disso, baixaram também as despesas com pessoal na ordem dos 32 mil euros, embora os funcionários do PS tenham subido de 80 para 84. Esta diminuição de massa salarial deveu-se à saída de funcionário mais bem remunerados e à sua substituição por novos funcionários com salários mais baixos, explicou Luís Patrão.
Autárquicas só depois
Por fechar estão ainda as contas das autárquicas, o que deverá acontecer no final deste mês. Luís Patrão adianta porém que a redução de custos no PS com as eleições locais deve ficar “entre quatro a cinco milhões abaixo do valor de 2013”.
Para essa optimização de gastos, segundo o responsável pela administração financeira do PS, contribuiu a instalação de “uma central de compras para a campanha eleitoral”, que permitiu “a contratualização a nível nacional com empresas a compra de materiais e serviços”, evitando-se que “cada estrutura concelhia compra-se individualmente os seus materiais”.
A direcção nacional do PS levou também a cabo “cinco acções de formação específicas para a formação de mandatários financeiros das campanhas eleitorais autárquicas”, explicou Luís Patrão.
Congresso a um terço do preço
O 22º Congresso do PS, que decorreu o passado fim de semana na Batalha, custou 350 mil euros, revelou Luís Patrão ao PÚBLICO. Uma verba que é praticamente um terço do que custou o primeiro Congresso de António Costa, em 29 e 30 de Novembro de 2014, em Lisboa, o qual orçou em 900 mil euros. Já o 21º Congresso, que foi organizado também em Lisboa a 3, 4 e 5 de Junho de 2016, custou 650 mil euros.
O secretário nacional para a Administração e Finanças do PS revelou mesmo ao PÚBLICO: “Estou aqui há quase quatro anos e foi a primeira vez que fizemos um congresso sem financiamento nem recurso a empréstimo bancário.”
Luís Patrão declarou ao PÚBLICO que esta preocupação com a redução de custos com os congressos “deve ser permanente” e que “os partidos têm de interiorizar que os congressos são actividades regulares que se realizam de dois em dois anos, por isso têm de fazer parte da gestão normal”. Embora, este dirigente reconheça que as contas de 2017 foram favorecidas pelo facto de que “o ano passado o PS não teve congresso nacional nem congressos federativos e isso ajuda a reduzir a despesa”.