A tragédia de Rio e a salvação do PCP
Dias curiosos estes, em que o PCP tem mais juízo que Rui Rio, Teresa Leal Coelho ou Paula Teixeira da Cruz.
Rui Rio, cada vez mais trágico, veio fazer a apologia da eutanásia, talvez pensando no que se pode poupar matando os doentes em vez de deles cuidar. Já o PCP vota em bloco contra a eutanásia, rejeitando a cultura da morte, defendendo a vida e colocando-se do lado certo!
A verdade é que o PCP, ao afirmar que a eutanásia representa um retrocesso civilizacional e um ataque aos valores humanistas, mostra uma visão mais positiva e organizada de uma sociedade onde as pessoas importam, tornando-se um partido mais responsável e confiável. De algum modo, com este posicionamento, já não será um partido totalmente comunista, muito menos ortodoxo.
Já o PSD com Rui Rio, desastroso e cheio de casos que envergonham, vem revelar-se um líder relativista onde tudo vale e pouco importa, desde o aborto à eutanásia, querendo criar uma sociedade verdadeiramente injusta e perigosa.
Vejamos a deriva do "homicídio terapêutico", vulgo eutanásia, vai criar uma pressão tal sobre os doentes, aqueles que sofrem, aqueles que, diminuídos psicologicamente pela sua situação, facilmente acharão que a eutanásia poderá ser uma solução para o seu sofrimento e para aliviar a dor dos seus familiares. Nada mais falso, mas que na situação difícil da doença se equaciona.
Os hospitais, cheios e sem pessoal nem meios, na ausência quase total de cuidados paliativos e continuados, tendem a querer meter os doentes fora e as famílias sem condições para os receber, criam as condições óptimas para a eutanásia prosperar.
Dias curiosos estes, em que o PCP tem mais juízo que Rui Rio, Teresa Leal Coelho ou Paula Teixeira da Cruz. O lastro que este PSD deixa envergonha os portugueses e em particular aqueles que, como eu, trabalham todos os dias pela saúde das pessoas e para fazer valer a vida, contra a cultura do sofrimento e da morte.
É bom relembrar que hoje se chega facilmente aos 80 e mais anos com saúde, o que há 40 anos atrás era raro e que dá uma ideia clara do avanço da medicina e dos meios para tratar e cuidar das pessoas. A aposta deve ser a de continuar a aumentar a esperança de vida com qualidade e a ajudar quem sofre, não é desistir e eutanasiar com o falso pretexto de aliviar sofrimentos.
Na verdade, a única coisa que a eutanásia alivia é o Orçamento do Estado e da Saúde porque fica mais barato matar do que cuidar! É verdadeiramente disto que se trata e talvez seja isto que agrada aos obcecados com as Finanças como os mangas de alpaca.
A aposta na grande Família que é a Sociedade onde nos inserimos e nas famílias nucleares de cada um de nós são verdadeiramente o foco e o objectivo que temos de concretizar. Porque ninguém cuida melhor que as famílias, em articulação e em conjunto com uma rede integrada e alargada a todos de cuidados de Saúde de qualidade.
O recente caso do australiano de 104 anos que veio para a Suíça para ser morto revela bem a importância de ter uma sociedade positiva e "familiar", da verdadeira família nuclear, onde filhos, netos e bisnetos tornam mais leve e dão sentido a uma vida longa e próspera.
É o individualismo em conjunto com uma sociedade voraz e ultracompetitiva que não criam condições para as famílias prosperarem e cuidarem, para no limite levar à eutanásia. Porque uma sociedade assim tende a não encontrar espaço para cuidar do outro, para gastar o que for preciso com ele, para colocar a vida humana à frente de tudo e de todos, deixando o lucro, a carreira, a empresa e até o Estado para trás.
É certo que um dia todos morremos, citando Adriano Moreira, talvez "a única dimensão que tem tendência para a eternidade será a cultura", e nesse sentido importa percorrer o caminho da cultura da vida e não da cultura da morte, desagregadora do todo social e duma dimensão fraternal e humanista que nos define como seres humanos.
A capitulação perante a morte, preterindo a vida, é o que está verdadeiramente em causa, e é isso que os deputados que representam o povo português, grande de quase 900 anos de História, devem compreender na hora de votar, na certeza de que em nenhum momento da campanha eleitoral a eutanásia foi apresentada como bandeira eleitoral.