Guia prático para sustentabilidade das Nações Unidas com assinatura portuguesa

O CEiiA será o anfitrião da primeira reunião de trabalho da plataforma Breakthrough Innovation que nos próximos meses vai escrever uma espécie de roteiro para induzir de forma mais célere a sustentabilidade nos processos de inovação das empresas

Foto
Gualter Crisóstomo, director de Sustentabilidade do CEiiA Nelson Garrido

Durante dois dias as instalações do Centro de Excelência e Inovação da indústria Automóvel (CEiiA) em Matosinhos vão ser transformadas numa espécie de sala de trabalho das Nações Unidas. O grupo de dez empresas, todas de escala global – o CEiiA, com as suas três centenas de trabalhadores é a mais pequena de todas –, que foram escolhidas para integrar o painel de consultores do United Nations Global Compact, terá em Matosinhos a primeira reunião que culminará com a redacção de uma espécie de guia prático para a inovação tendo por base os pilares da sustentabilidade.

Gualter Crisóstomo, director da sustentabilidade do CEiiA, e anfitrião deste encontro, explicou ao PÚBLICO que a ideia é debater com os membros quais serão as melhores metodologias e discutir os principais conteúdos que poderão fazer a diferença com a sua inclusão nesse road-map. “O resultado final deste trabalho será ter um guião escrito em que, ponto a ponto, as empresas poderão perceber como é que podem implementar estratégias de sustentabilidade associadas à inovação, à pesquisa e desenvolvimento”, afirmou.

Quanto mais cedo estas preocupações inscritas nos Objectivos para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas forem incorporadas nos processos produtivos das empresas, melhor. Mas a verdade é que ter o foco da sustentabilidade económica, ambiental e social deve ser uma realidade em qualquer fase da empresa e qualquer que seja a sua maturidade.

É por isso que as empresas escolhidas para consultoras da plataforma Breakthrough Innovation (é esse o nome da plataforma que integra a iniciativa United Nations Global Compact e que tem o próprio secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, como chairman) são grandes multinacionais, com gigantescas cadeias de fornecimento e experiências em vários sectores. Desde o petróleo, com a chinesa Sinopec, às telecomunicações, com a maior empresa africana, a queniana Safaricom, passando pelas líderes mundiais dos polímetros (a alemã Covestro) ou dos plásticos (a brasileira Braskerm).

O CEiiA integra este grupo restrito enquanto representante da mobilidade mas foi também escolhido pelos processos de co-criação com que sempre trabalhou no desenvolvimento dos seus produtos, trabalhando em conjunto com universidades e empresas. “Mas também porque desenvolve muitos novos modelos de negócio, inovadores, tendo por base a sustentabilidade”, acrescenta Gualter Crisóstomo.

O CEiiA surgiu como centro de excelência e inovação para suprir as dificuldades que o sector automóvel tinha em Portugal na fase de desenvolvimento do produto. Hoje em dia evoluiu para especialista na mobilidade e, desde há quatro anos, depois de ter desenvolvido uma ferramenta que permite medir e dar um valor económico à pegada ecológica da mobilidade, começou a desenvolver produtos e serviços próprios sempre com a preocupação da sustentabilidade nas suas três dimensões.

A ideia da plataforma Breakthrough Innovation é convidar as empresas a co-criar uma agenda de mudança, e ao juntar empresas “fora do movimento tradicional da sustentabilidade”, como refere Gualter Crisóstomo, vai ajudar as empresas a entender os impactos positivos e negativos de aglomerados de tecnologia como a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas, o Blockchain ou o Big Data.

Sugerir correcção
Comentar