Comissões de protecção acompanham mais jovens do que crianças
"Este é dos trabalhos mais difíceis, exigentes e complexos de toda a intervenção na área social e é desenvolvido em condições muito distintas ao longo do território nacional", frisou o ministro Vieira da Silva.
O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social disse nesta segunda-feira que as Comissões de Protecção (CPCJ) a nível nacional acompanham mais jovens adolescentes do que crianças e destacou o trabalho difícil, exigente e complexo daquelas entidades.
"Grande parte, diria que a parte crescente dos destinatários da vossa acção, já não são as crianças, são os adolescentes com níveis de risco extremamente complexos e de enorme transversalidade em toda a sociedade", disse Vieira da Silva, na Figueira da Foz, na abertura do Encontro Anual de Avaliação das CPCJ, onde foi também apresentado o relatório de actividades destas comissões.
Perante mais de 700 pessoas, em representação de 272 das 309 comissões existentes a nível nacional, Vieira da Silva sublinhou que os técnicos "dedicam-se a antecipar e resolver problemas" e a agir "precocemente e resolver as situações de risco e fragilidade" de crianças e jovens e "não tem, como noutros serviços, momentos de tranquilidade".
"Este é dos trabalhos mais difíceis, exigentes e complexos de toda a intervenção na área social e é desenvolvido em condições muito distintas ao longo do território nacional. Justifica bem a prioridade no âmbito das políticas públicas", frisou o ministro.
De acordo com o sumário do relatório de actividades das CPCJ disponibilizado aos jornalistas o escalão estário predominante entre os jovens acompanhados é dos 15 aos 21 anos (34,2%). Segue-se o dos 11 aos 14 anos (23%)
Questionada pela Lusa à margem da iniciativa que começou nesta segunda-feira e decorre até quarta-feira Rosário Farmhouse, presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, explicou que "umas das sinalizações que aparece de tipologias de perigo são situações que põem em causa o direito à educação, crianças e jovens que abandonaram a escola sem terminar a escolaridade obrigatória e as escolas têm de sinalizar as CPCJ quando isso acontece".
Entre as situações que põem em causa o direito à educação conta-se o absentismo e o abandono escolar mas também o "insucesso continuado, reiterado", adiantou Rosário Farmhouse.
"Depois, quer os comportamentos das próprias crianças e jovens, quer a realidade de termos uma população infanto-juvenil ou mais juvenil a crescer, comparativamente porque há menos crianças a nascer, vamos acompanhando mais os jovens. São alguns dos motivos que fazem com que os adolescentes e os jovens sejam os mais acompanhados neste momento", argumentou.