Portugal acaba em último lugar e Israel vence a Eurovisão
Esta foi a quarta vitória para Israel na Eurovisão. A votação foi renhida — a canção de Israel não era a favorita do júri, mas acabou por ser a preferida do público.
Está conhecida a sucessora de Salvador Sobral. Israel venceu o Festival da Eurovisão com Toy, uma música inspirada no movimento #MeToo. Interpretada pela israelita Netta, a música trouxe ao Altice Arena um palpável ambiente de festa e confirmou o favoritismo que lhe tinha sido apontado durante as últimas semanas. Sobre girl power, contra os stupid boys, e cacarejos intercalados com referências anime que fazem lembrar uma Bjork israelita, a música conseguiu ser superior à tentativa de boicote da canção pelo grupo que dirige a campanha global de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a Israel, que acusam o país de tentar limpar a sua imagem internacionalmente.
"Obrigado por celebrarem a diversidade", agradeceu a intérprete de uma canção alinhada com as lutas feministas do nosso tempo. E já anunciou: "Para o ano, é em Jerusalém". Esta foi a quarta vitória para Israel. Primeiro em 1978, com o clássico eurovisivo A-Ba-Ni-Bi, de Izhar Cohen & The Alphabeta. Em 1979, com Hallelujah, por Gali Atari & Milk & Honey, canção provavelmente versejada em todas as línguas de todo o mundo. Em 1998, Dana International cantou Diva e fez história, tornando-se a primeira pessoa transgénero a vencer o festival.
A 63.ª edição do Festival da Eurovisão arrancou com fado, graças às actuações de Ana Moura e Mariza. Só depois começaria o desfile de bandeiras que antecedeu as actuações das 26 canções finalistas. Com O jardim, da autoria de Isaura, Portugal interpretou uma das canções mais despojadas do festival, sem recurso a grandes efeitos técnicos. Na plateia, várias pessoas com perucas cor-de-rosa, alusivas ao cabelo de Cláudia Pascoal, apoiavam as representantes portuguesas — mas nem isso levou a canção portuguesa a passar do último lugar.
Apesar de Portugal não ter conseguido duplicar a vitória, os portugueses não deixaram de marcar a final do festival. Um dos momentos mais emocionantes da noite foi — sem surpresas — o regresso de Salvador Sobral ao palco. Primeiro para interpretar o seu mais recente single Mano a Mano, com Júlio Resende no piano e, depois, para voltar a interpretar a canção vencedora da última edição. O músico de 28 anos esteve oito meses afastado dos palcos por razões de saúde e os eurofãs provaram que não se esqueceram da música vencedora da última edição. Com Caetano Veloso, Salvador reencantou os eurofestivaleiros com Amar pelos dois. Intercalado com silêncios preenchidos pelos fãs, o dueto Salvador Sobral e Caetano Veloso conseguiu uma das actuações mais aplaudidas da noite.
Outro dos momentos mais altos da final foi protagonizado pela Estónia, que chegou a ser apontada como uma das favoritas. Interpretada pela cantora lírica Elina Nechayeva, a actuação de La Fuerza foi acompanhada com uma projecção no vestido da cantora. Outra das actuações mais aplaudidas — e que esteve também perto da vitória — foi a de Chipre, com o Fuego de Eleni Foureira.
A noite foi também marcada por um incidente que interrompeu a actuação da britânica SuRie, quando um intruso subiu ao palco e roubou o microfone à cantora. O invasor foi retirado por um elemento da organização, mas só depois de ter deixado um recado: “Medias nazis do Reino Unido, exigimos liberdade." A cantora prosseguiu com a actuação e foi fortemente aplaudida no final. Apesar de a organização a ter convidado a regressar ao palco para reinterpretar a canção, SuRie declinou o convite.
O espectáculo contou com as actuações de Branko, com Sara Tavares e Plutónio, depois de um tema com Dino D'Santiago e a canção que o produtor tem com Mayra Andrade. Este foi também um regresso para Sara Tavares, que em 1994 conquistou o 8.º lugar com Chamar a música. Na edição do All Aboard, houve ainda espaço para uma viagem pelos últimos 53 anos da participação lusitana no festival, que foi criticada nas redes sociais. Está conhecido o próximo destino: Jerusalém.