Rússia confirma recusa para realizador Kirill Serebrennikov ir a Cannes
Summer, filme do cineasta em competição para a Palma de Ouro, foi recebido com uma ovação na presença dos produtores e do elenco.
A Rússia confirmou esta quinta-feira que recebeu e recusou um pedido do Festival de Cannes para que o realizador Kirill Serebrennikov estivesse presente no evento, justificando que “ninguém tem o direito e o poder de influenciar decisões judiciais”.
Em causa está o cineasta russo Kirill Serebrennikov, detido em 2017 e mantido em prisão domiciliária, por suspeita do desvio de fundos públicos, e que tem um filme, Summer, na competição oficial do Festival de Cannes.
O delegado geral do festival, Thierry Frémaux, afirmou em conferência de imprensa que Cannes e o Governo francês enviaram um pedido a Moscovo, para que Serebrennikov fosse autorizado a sair do país, para participar na estreia do filme.
Segundo Frémaux, o festival recebeu uma resposta pessoal do Presidente russo, Vladimir Putin, dizendo que o realizador “tem problemas com a Justiça” e que nada pode fazer, “porque os tribunais são independentes”.
Citado pela agência France Presse, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou que a Rússia respondeu a um pedido oficial de Cannes dizendo que “ninguém tem o direito ou o poder de influenciar, de forma alguma, a decisão dos tribunais e a investigação”, e que essa resposta “não emanou directamente de Putin”.
Apesar de Kirill Serebrennikov, realizador e director artístico do Centro Gogol, ter estado ausente de Cannes, o filme foi recebido com uma ovação, na presença dos produtores e do elenco.
Summer conta a história do músico Víktor Tsoi, um dos nomes do rock soviético, que morreu em 1990, mas, para a produtora Ilya Stewart, tudo o que Serebrennikov faz “tem relação com a actualidade, seja no cinema ou no teatro”.
Summer, que concorre à Palma de Ouro, foi montado em casa do realizador em Fevereiro, sem qualquer contacto com o mundo exterior.
A prisão domiciliária de Kirill Serebrennikov deveria ter terminado a 19 de Abril, o que lhe permitiria viajar para Cannes, mas a Justiça russa decidiu prolongá-la até 19 de Julho.