Sarampo: 16% das crianças não são vacinadas na idade recomendada
Aos 13 meses, 15% das crianças não estavam protegidas contra a meningite meningocócica, o que denota a persistência de um atraso na vacinação que devia ser feita aos 12 meses de idade.
Em 2017, ano em que o país registou dois surtos de sarampo, 16% das crianças com 13 meses não estavam vacinadas, como recomendado, contra a doença. E 15% das crianças com a mesma idade não estavam protegidas contra a meningite meningocócica, o que denota a persistência de um atraso na vacinação que devia ser feita aos 12 meses de idade. Estes dados revelam, contudo, uma melhoria em relação a 2016, constata a Direcção-Geral da Saúde (DGS) no Boletim do Programa Nacional de Vacinação, que divulga nesta quarta-feira.
Estes dados referem-se a um ano em que houve dois surtos de sarampo, num total de 27 infectados confirmados pela DGS, sendo que um deles, uma adolescente de 2017, acabou por morrer com uma pneumonia bilateral. Já este ano, um novo surto infectou 111 pessoas (que estão todas curadas). Estas ocorrências levam a DGS a concluir que “é necessário um maior investimento no cumprimento do Programa Nacional de Vacinação (PNV)”, de forma a não perder oportunidades de vacinação e comunicar a importância desta ser feita na idade recomendada, especialmente até aos 12 meses.
Para a DGS este atraso não é novidade. Mas não significa que as crianças não venham a ser vacinadas. De facto, aos dois anos, já 98% das crianças tinham, no ano passado, a primeira dose da vacina do sarampo (coorte de 2015). Também a cobertura vacinal da segunda dose, que deve ser tomada aos cinco anos, variou entre 96% e 98% nos menores de idade.
Ainda assim, no ano passado, este atraso não se verificou na vacinação recomendada aos dois meses, sendo que cerca de 95% das crianças com três meses tinham o esquema recomendado.
Os recentes surtos levaram a DGS a convocar pessoas com esquemas em atraso – desde 2017 foram vacinadas assim mais de 60 mil pessoas – e a reafirmar a necessidade de o continuar a fazer, especialmente em áreas geográficas com menor cobertura vacinal. A DGS conclui que estas campanhas de repescagem surtiram “bons resultados nos menores de 18 anos”, fazendo com que as coberturas da vacinação contra o sarampo sejam “mais elevadas do que as verificadas no ano anterior”. Estão, por isso, “cumpridos os objectivos nacionais e internacionais do programa de eliminação” da doença.
Reforço do trabalho em rede
Os restantes resultados da aplicação do PNV são “excelentes”, diz a DGS. O boletim destaca o facto de cerca de 75% de grávidas terem sido vacinadas contra tosse convulsa, no primeiro ano que a vacina integra o PNV. E de ter sido atingido o objectivo de 95% de vacinação para todas as vacinas avaliadas até aos sete anos de idade.
Quando à vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), associado ao cancro do colo do útero, a DGS olhou para os grupos que iniciaram a vacinação entre 2013 e 2016, quando a idade recomendada era aos 13 anos (até Setembro de 2014) ou aos 10-13 anos de idade (a partir de Outubro de 2014). Essa análise demonstra uma cobertura vacinal superior a 85% para a primeira dose e quase sempre acima da meta dos 85% para a segunda dose.
A DGS termina este documento, a primeira edição de uma publicação anual que substitui o Boletim Vacinação, afirmando que “para que os profissionais saibam responder às questões de complexidade crescente dos cidadãos, deve ser reforçado o investimento na formação contínua dos profissionais que operacionalizam o PNV aos vários níveis e no trabalho em rede, entre as equipas locais, regionais e nacional da vacinação”.