Área Metropolitana do Porto vai definir a ferrovia da região

A Área Metropolitana do Porto quer ter elementos que lhe permitam decidir que investimentos deve propor ao Estado

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NFACTOS / FERNANDO VELUDO

O Conselho Metropolitano da AMP (Área Metropolitana do Porto) vai encomendar um estudo para um plano ferroviário da região a fim de ser entregue ao governo com vista ao horizonte 2030. O objectivo é listar um conjunto de investimentos considerados prioritários para a região e que interliguem a ferrovia com a rodovia.

A AMP pretende fazer uma consulta ao mercado para decidir qual a empresa à qual será entregue um caderno de encargos que está a ser ultimado. O estudo deverá custar entre 70 a 75 mil euros.

O trabalho consistirá em identificar pontos da rede onde seja possível fazer um upgrade para potenciar a ferrovia na área metropolitana e estudar a possibilidade de novas linhas.

Uma das prioridades é a reabertura da linha de Leixões para passageiros, tendo em conta que esta infra-estrutura já existe e atravessa uma zona de forte densidade populacional nos concelhos da Maia e Matosinhos, podendo servir o Hospital de S. João, zonas industriais e o pólo universitário da Asprela. Este corredor ferroviário, actualmente só utilizado por comboios de mercadorias, atravessa ainda várias linhas dos STCP e o Metro do Porto, podendo constituir-se como uma radial ferroviária norte da Invicta.

O estudo deverá também estudar a possibilidade de reconversão da linha do Vouga entre Espinho e Oliveira de Azeméis de via estreita para via larga e integrá-la na rede suburbana do Grande Porto. Localidades como Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Vila da Feira e Paços de Brandão ficariam, assim, com comboios directos a Campanhã, tal como acontece com Braga, Guimarães ou Penafiel.

De fora da área metropolitana encontra-se Amarante que há dez anos ficou sem comboios quando encerrou o que restava da linha do Tâmega. Entre a ideia de reabrir a linha em via larga e fazer ali mais uma antena da rede dos comboios suburbanos, ou implementar um anacrónico sistema de autocarro pelo corredor da antiga ferrovia, parece ter vindo a ganhar peso este última, mas, para já, não há nenhum projecto em curso.

Perspectivar a geografia ferroviária da região passa também por estudar uma ligação directa ao aeroporto Sá Carneiro, algo que a própria Infraestruturas de Portugal já assumiu que está mandatada para fazer por parte do governo. No início de Abril o vice-presidente daquela empresa, Carlos Fernandes, disse que tinha recebido instruções da tutela (Ministério do Planeamento e das Infraestruturas) para estudar ligações ferroviárias aos aeroportos de Faro, Lisboa e Porto.

Um plano ferroviário regional ambicioso poderá ainda contemplar novas linhas. Uma delas, da qual já existe um estudo prévio, é uma ligação de Valongo a Paços de Ferreira, que passaria por Sobrado, Lordelo e Rebordosa.

Mário Rui Soares, da Área Metropolitana do Porto, admite que o estudo possa olhar para fora da região e ver as potencialidades de uma melhor ligação ao resto da ferrovia, nomeadamente à linha do Douro, que tem registado uma assinalável procura nos últimos anos. Por outro lado, a conclusão, para breve, da electrificação da linha do Minho até Viana potenciará também uma melhor ligação daquela região ao Porto.

“No fundo queremos resolver problemas às pessoas”, diz Mário Rui Soares, para quem este estudo é muito importante para encontrar soluções de mobilidade que permitam aos cidadãos deslocarem-se mais rapidamente, com menos transbordos e usando um meio de transporte mais amigo do ambiente.

A AMP não quis, para já, envolver a Infraestruturas de Portugal, que é o braço armado do Estado em matéria de planeamento ferroviário (mas que tem sido ultimamente aversa a soluções inovadores em termos de investimentos). Contudo, Mário Rui Soares diz que tanto esta empresa como a CP, enquanto operadora, “vão ser consultadas e envolvidas neste processo”.

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