Carlos Silva conta que lhe pediram emprego para Orlando Figueira

Banqueiro angolano é peça-chave no julgamento do ex-procurador Orlando Figueira, suspeito de ter sido corrompido por antigo vice-presidente de Angola.

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Carlos Silva (à esquerda) numa fotografia de 2012, à chegada para uma Assembleia Geral de Accionistas do Millenium/BCP Tiago Petinga/Arquivo

O banqueiro angolano Carlos Silva disse esta segunda-feira em tribunal que lhe pediram emprego para o procurador Orlando Figueira em 2011. Mas assegura que não o contratou, nem mesmo perante as insistências do autor do pedido, o advogado português Paulo Blanco.

Tanto Orlando Figueira como Paulo Blanco são arguidos no processo conhecido como Operação Fizz, no âmbito do qual o banqueiro está a ser ouvido. O ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal é suspeito de ter recebido luvas do antigo vice-presidente de Angola Manuel Vicente, que lhe terá dado dinheiro e arranjado trabalho no sector privado em troca do arquivamento pelo Ministério Público de um processo sobre branqueamento de capitais.

Mas o magistrado assegura ter sido Carlos Silva, e não Manuel Vicente, quem o contratou para ir para trabalhar para Luanda. “Paulo Blanco ligou-me a dizer que Orlando Figueira ia deixar a magistratura e a perguntar-me se eu teria algum desafio para ele no Banco Privado Atlântico”, instituição liderada por Carlos Silva, relatou a testemunha. “Fui muito claro: respondi-lhe que não tínhamos”. 

O banqueiro nega ter tido qualquer relacionamento com arguido, e muito menos ter-lhe arranjado emprego. E assegura que depois de um “almoço de cortesia” que teve com Orlando Figueira em 2011 no Hotel Ritz, em Lisboa, em que também participou Paulo Blanco, nunca mais voltou a falar com o magistrado. “No final do almoço nem e-mails nem números de telefone trocámos”, sublinhou. 

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