Videoclipe
Boss AC e a chupeta dos “haters”
Esta galeria é uma parceria com o portal Videoclipe.pt, sendo a seleção e os textos dos responsáveis do projeto.
A crónica de Hilário Amorim: Videoclipe, o herói improvável
Todos nós crescemos a imitar os graúdos, e só com alguma maturidade vamos ganhando personalidade e uma atitude própria e diferenciadora. Essa confiança que permite afirmar, e até criar e persistir, ao invés da insegurança, que faz procurar o conforto do grupo próximo, dos que pensam igual, e com isso a não tolerar ou a depreciar os outros. Nas linguagens do hip hop, pelo menos na vertente videográfica, ainda é difícil fugir ao modelo do rapper a afrontar a câmara ladeado pelos “brothers”, ainda que a identidade seja das principais temáticas. É, no entanto, contraditório que este género musical se centre na mensagem, mas os vídeos nos mensageiros. Em vez de procurarem imagens simples que a sintetizem, ou que a elucidem de forma metafórica, e com isso mais categórica. O videoclipe deste Queque foi, com que Boss AC apresenta o recentíssimo Ep Patrão, não só brinca com a imagem do mensageiro e contagia logo pela diversão — um dos mais importantes fatores da partilha, esse princípio definidor desta era pós-MTV —, como ainda traduz visualmente a pura irrisão da mensagem. Mantém reconhecível o seu espírito folgazão, de aguçada leitura da sociedade, enquanto experimenta uma batida mais atual com uma desenvoltura exemplar. Convém referir que para visualizar esta oferta de uma chucha aos haters há aqui mão do artista visual Chikolaev (Francisco Freitas) que já por diversas vezes aqui destacámos.
Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico, a pedido do autor.