Municípios do Algarve adiam criação de Brigadas de Sapadores Florestais
O Verão aproxima-se. As câmaras ainda estudam a melhor maneira de formar equipas de sapadores florestais. As serras do Caldeirão e de Monchique são as zonas mais vulneráveis.
As Brigadas de Sapadores Florestais, que terão intervenção intermunicipal, tardam em entrar em acção. A começar pelo Algarve, os autarcas colocam reservas ao modo como os novos operacionais se vão articular com as outras estruturas de prevenção e combate a incêndios. A Comunidade Intermunicipal do Algarve — Amal decidiu, nesta segunda-feira, adiar a discussão sobre o assunto por não estarem garantidos meios financeiros nem definida a forma como a estrutura vai ser gerida.
As câmaras algarvias responderam ao desafio lançado pela Secretaria de Estado das Florestas para que fosse criada uma Brigada de Sapadores Florestais tendo em conta que existe na região duas zonas particularmente sensíveis: a serra do Caldeirão e Monchique. A candidatura para suportar os custos desta estrutura deu entrada no dia 26 de Fevereiro mas está ferida de algumas lacunas. “O ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, entidade que está apreciar a candidatura] levantou algumas dúvidas relacionadas com a gestão e operacionalidade”, informou o presidente da Amal, Jorge Botelho, na reunião daquele órgão intermunicipal.
O presidente da câmara de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, alertou: “Não vai ser fácil recrutar pessoas pagando o ordenado mínimo nacional”. O autarca, socialista, foi um dos que recebeu uma pick-up equipada, no passado mês de Agosto, de entre 25 que o Governo distribui a nível nacional para apoiar as equipas de intervenção florestal. Este é um dos concelhos que sofreu os efeitos do grande incêndio que em 2012 lavrou do Baixo Alentejo à Serra do Caldeirão, no Algarve. No lado ocidental da região, a câmara de Monchique, em parceria com a associação de produtores florestais, criou duas brigadas de sapadores florestais.
Para além das estruturas concelhias, a Amal assumiu a responsabilidade de montar uma Brigada de Sapadores Florestais — constituída por três equipas com cinco elementos cada — mas ainda não decidiu como vai pôr a estrutura a funcionar. O custo está estimado em 1,684 milhões de euros por um período de cinco anos mas a administração central só comparticipa com 355 mil euros. O restante, mais de 60%, caberá aos municípios suportar, ficando estes ainda com a obrigação de garantir o funcionamento futuro desta estrutura.
“Já fizermos a alteração ao quadro do pessoal da Amal para que a candidatura seja aprovada”, informou Jorge Botelho na reunião do Conselho Intermunicipal. “O ICNF está-nos a apertar com uma série de questões relacionadas com a candidatura”, adiantou ainda. Por isso, decidiu adiar a questão para a próxima reunião a ter lugar no dia 18, em Alcoutim. “Se calhar não vamos decidir nada”, desabafou, tendo em conta as dúvidas que subsistem. Entretanto, informou que foi decidido abrir concurso público para a contratação de um técnico que irá coordenar o Gabinete Técnico Florestal Intermunicipal.
A nível nacional, está prevista a criação de 100 equipas de sapadores florestais, dependentes das Comunidades Intermunicipais ou Áreas Metropolitanas.