Rússia lidera abastecimento de petróleo de Portugal
Brasil e Guiné Equatorial tiveram subidas expressivas, num ano em que o saldo de produtos energéticos se agravou pela primeira vez desde 2013.
A Rússia foi o principal abastecedor de petróleo de Portugal no ano passado, com as importações de crude deste país a representar 22% do total. De acordo com os dados da factura energética de 2017 agora divulgados pela Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), Portugal importou 3035 mil toneladas de petróleo da Rússia, mais 10% do que no ano anterior. Comparando com 2015, a quantidade importada quase que multiplicou por cinco.
Os dados compilados pela DGEG confirmam uma tendência que já se verificava a meio do ano passado, com Angola a perder o estatuto de maior abastecedor de Portugal (como se verificou em 2016 e em 2015).
Em 2017, as compras a Angola caíram 80%, para 690 mil toneladas, ocupando o país a oitava posição no ranking. Em sentido contrário estiveram o Brasil, com um aumento de 220% no abastecimento de petróleo bruto (detém a 5ª posição) e a Guiné Equatorial, que cresceu 300% (está na 6ª posição). No top 5, depois da Rússia, estão agora o Azerbaijão, o Cazaquistão, a Arábia Saudita e o Brasil, por esta ordem e numa tabela dinamizada pela Galp Energia, já que é esta empresa, por causa das suas duas refinarias, quem dita a estratégia comercial com o estrangeiro.
“A Galp adquire as matérias-primas de que necessita para o aprovisionamento das suas refinarias – e do país – de acordo com as oportunidades mais competitivas proporcionadas pelo mercado a cada momento", disse ao PÚBLICO fonte oficial da petrolífera quando questionada sobre as opções relativamente aos mercados de abastecimento.
No caso da Rússia, e apesar dos vários desentendimentos que se verificaram com a União Europeia (UE) nos últimos anos, nunca houve interferências no mercado energético (às sanções económicas da UE, na sequência da crise ucraniana, a Rússia respondeu com o embargo a produtos como a carne de porco).
O caso mais recente ocorreu em Março, quando diversos países da UE, onde Portugal não se incluiu, expulsaram diplomatas russos após o ataque químico de Salisbury contra um antigo agente dos serviços secretos russos e a sua filha, e que Londres afirmou ter sido provocado por Moscovo.
Factura a subir
De acordo com a DGEG, o ano passado ficou marcado por outro facto: foi a primeira vez que o saldo líquido dos produtos energéticos, entre importações e exportações, se agravou desde 2013, com a factura a subir 621 milhões de euros (mais 19,3%), chegando aos 3843 milhões de euros.
Para este agravamento, diz o documento da DGEG, “contribuiu uma conjuntura internacional desfavorável em termos do aumento dos preços do petróleo e seus derivados, traduzindo-se num aumento do valor global de importação, em euros, de 25,7% face a 2016”.
Foi precisamente a descida do preço do petróleo que em 2016 contribuiu para que a factura atingisse o valor mais baixo desde 2004, nos 3222 milhões de euros.
Relativamente a 2017, olhando para a quantidade, verifica-se que houve uma descida de 1,4% nas importações de petróleo bruto (responsáveis por 79,3% do total) e refinado em 2017, e uma subida de 9,1% nas exportações (apenas refinados). Do total de importações energéticas, 78,7% são produtos de petróleo, com destaque para os gasóleos, seguindo-se o gás propano, a nafta química, as gasolinas e o fuelóleo. Com Ana Brito