Parlamento vai ouvir ministro e Misericórdia sobre adopções pela IURD

A audição foi aprovada por unanimidade na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, numa reunião em que o Bloco de Esquerda formalizou a proposta de criar um grupo de trabalho que avalie os problemas na adopção e eventuais mudanças legais.

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O ministro Vieira da Silva será ouvido no Parlamento, assim como o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Procuradora-Geral da República Nuno Ferreira Santos

O Parlamento vai ouvir o ministro da Segurança Social, José Vieira da Silva, e o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, sobre eventuais falhas na adopção de crianças, na sequência das notícias de alegadas adopções ilegais pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).

A audição foi aprovada nesta quarta-feira por unanimidade na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, numa reunião em que o Bloco de Esquerda (BE) formalizou a proposta de criar um grupo de trabalho que avalie os problemas na adopção e eventuais mudanças legais.

Enquanto não se decide se é criada uma comissão técnica independente, como propôs o CDS-PP, ou um grupo de trabalho, as audições vão realizar-se no âmbito da comissão parlamentar, que também vai ouvir a Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, sobre se continuam a existir alegadas irregularidades como as que aconteceram, nos anos 1990, com crianças portuguesas adoptadas por responsáveis da IURD, no Brasil.

A deputada do PSD Teresa Morais propôs também a audição do Conselho Superior da Magistratura dado que, durante as audições sobre a petição "Não Adopto este Silêncio", de que foi relatora, houve alegações de que magistrados "terão pressionado mães a aceitar tutelas partilhadas" dos filhos.

O caso das alegadas adopções ilegais de crianças portugueses por pessoas ligadas à IURD, com sede no Brasil, começou com uma série de reportagens na estação de televisão TVI, intituladas "Segredos dos Deuses".

Em Janeiro, realizaram-se vigílias em vários pontos do país, incluindo em frente à Assembleia da República, em Lisboa, em que se exigia a criação de uma comissão de inquérito sobre este caso, tendo-se recolhido milhares de assinaturas para a petição "Não Adopto esse Silêncio".

A IURD nega responsabilidades e já anunciou que vai recorrer à justiça para "exigir a reparação dos danos causados" com as notícias sobre casos de adopções ilegais, através do que considera ser uma "campanha infamante".

Tratando-se de uma petição, qualquer iniciativa depende dos grupos parlamentares e, neste caso, segundo a lei, um inquérito parlamentar tem que ser proposto por um quinto dos deputados.

O CDS-PP foi o primeiro partido a tomar uma iniciativa, apresentado um projecto de lei para criar uma Comissão Técnica Independente para apurar o que se passou, seguindo-se nesta quarta-feira o BE, que sugeriu um grupo de trabalho para analisar eventuais problemas com o regime legal da adopção.