Dez jornalistas mortos em atentados no Afeganistão

Duplo atentado em Cabul mata 26 pessoas.

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Imagem do local das duas explosões desta segunda-feira Reuters/OMAR SOBHANI

Dez jornalistas morreram nesta segunda-feira no Afeganistão, em dois ataques coordenados realizados por bombistas suicidas em Cabul e um tiroteio na província de Khost. O ataque na capital do país foi reivindicado pelo grupo jihadista Daesh.

Em Cabul, um homem que conduzia uma motorizada rebentou a carga que transportava no bairro Shash Darak, perto do quartel-general da NATO, das instalações da televisão Al Jazira e de várias embaixadas.  

Eram oito da manhã e ao local acorreram os serviços de socorro e muitos jornalistas. Cerca de 20 minutos depois, o segundo bombista que se fazia passar por jornalista - tinha um cartão e uma câmara - rebentou a sua carga de explosivos, matando socorristas e repórteres, incluindo o foto-jornalista Shah Marai, da AFP.

Pelo menos 26 pessoas morreram e 45 ficaram feridas.

Na província de Khost, junto à fronteira com o Paquistão, num tiroteio, morreu o jornalista da BBC Ahmad Shah.

Outro bombista suicida atacou uma caravana da NATO na província de Kandahar (a Sul), matando 11 crianças alunas de uma escola religiosa que ficava perto do local da explosão. Ficaram feridas 16 pessoas, entre elas cinco soldados romenos, nove civis e dois polícias. 

Segundo o Ministério da Saúde do Afeganistão, o número de mortos no ataque em Cabul pode aumentar, diz a AFP.

“O bombista [da segunda explosão] disfarçou-se de jornalista, mostrou um cartão de imprensa e fez- se explodir no meio dos repórteres”, explicou Najib Danish, o porta-voz do Ministério do Interior citado pela Reuters.

Segundo a Associated Press, sete dos jornalistas que morreram eram repórteres locais, um deles operador de câmara da televisão Tolo TV. A Radio Free/Liberty confirmou que três dos seus jornalistas morreram no atentado -  Abadullah Hananzai, Maharram Durrani e Sabawoon Kakar (operador de câmara e fotojornalista que foi levado com vida para o hospita mas morreu pouco depois).

Em homenagem a Shah Marai, AFP partilhou um artigo escrito em 2016 pelo seu principal repórter fotográfico no Afeganistão. No texto, Marai conta a difícil experiência de trabalhar no Afeganistão, onde estava desde 1998.

"Este acto terrorista foi um crime e um ataque contra os media afegãos", disse, em comunicado, a Federação dos Jornalistas do Afeganistão, que pedem uma investigação por parte das Nações Unidas. "O ataque no coração de Cabul indica que o Governo tem há um sério problema de segurança". 

A organização Repórteres sem Fronteiras dissera que este foi o dia em que morreram mais jornalistas no Afeganistão desde a queda dos taliban, em 2001. Pelo menos 34 jornalistas e outros trabalhadores de órgãos de comunicação social foram mortos no país pelo Daesh ou pelos taliban desde 2016, segundos RSF.

Este atentado em Cabul acontece uma semana depois de um ataque na zona ocidental da capital afegã, que matou 60 pessoas e feriu mais de cem — foi reivindicado pelo Daesh.

O grupo jihadista tem tentado expandir a sua base territorial – que se resume a algumas regiões perto da fronteira com o Paquistão – e combate o Governo apoiado pelo Ocidente, tal como os taliban, grupo radical que chegou a controlar o país. O ataque de dia 22 de Abril ocorreu em Dasht-e-Barchi, uma zona da capital afegã maioritariamente habitada por muçulmanos xiitas, que são um alvo preferencial do Daesh.

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