Autarquia quer Teatro Jordão reaberto em 2020
Requalificação do edifício com 80 anos estava prevista para Janeiro último, mas só deve arrancar no início do próximo ano e prolongar-se por ano e meio. Espaço vai estar vocacionado para a formação nas artes visuais e performativas e na música.
Encerrado desde 1993, o edifício do outrora Teatro Jordão pode reabrir as portas daqui a dois anos, enquanto abrigo da escola de artes performativas e visuais da Universidade do Minho e da escola de música da Sociedade Musical de Guimarães, criada em 1992. É esse, pelo menos, o desejo do presidente da Câmara de Guimarães, após viabilizado, na quinta-feira, o início do segundo concurso para a reabilitação do edifício inaugurado em 1938, orçada em 11,5 milhões de euros.
“Gostava que esta obra, no limite, se iniciasse em Janeiro de 2019. Penso que o prazo de execução é de um ano e meio”, disse à margem da reunião do executivo municipal.
O arranque da requalificação do Teatro Jordão e da Garagem Avenida, imóvel que lhe é contemporâneo e contíguo na Avenida D. Afonso Henriques, estava previsto para Janeiro último, mas o primeiro concurso, lançado em Maio de 2017, teve de ser anulado após as empresas concorrentes não terem “cumprido as normas do procedimento”, reconheceu o autarca.
Projectado por Júlio José de Brito, o mesmo arquitecto que desenhou o Teatro Rivoli, no Porto, o Teatro Jordão foi o principal espaço cultural de Guimarães durante quase toda a segunda metade do século XX, com uma sala capaz de albergar 1.200 pessoas.
Após a reconversão, a sala de espectáculos vai ter a lotação reduzida a 400 lugares e acolher sobretudo ensaios de artes performativas e de música, apesar de estar aberta à comunidade, confirmou o presidente da Câmara. Para Domingos Bragança, o Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor, com mais de 800 lugares, e outros auditórios mais pequenos já dão uma resposta suficiente para os espectáculos que a cidade acolhe.
Para além de solucionar as necessidades da Universidade do Minho e da Sociedade Musical de Guimarães, responsáveis por garantir a sustentabilidade do equipamento, o autarca socialista vê também a obra como uma ajuda no processo de candidatura da zona de Couros a Património Mundial, como extensão do centro histórico, já apresentada à UNESCO.
Oposição critica alterações na sala de espectáculos
A reabilitação do Teatro Jordão deve avançar, mas não com a reconversão da sala de espectáculos, defendeu a coligação PSD/CDS-PP, a única força da oposição no município vimaranense. Para o vereador Ricardo Araújo, era possível instalar a escola de artes performativas e a escola de música e, ao mesmo tempo, salvaguardar a sala para 1.200 pessoas, “a memória principal daquele espaço”, que, no futuro, poder-se-ia revelar igualmente um “equipamento diferenciador” para a cidade.
O responsável criticou ainda a “indefinição” em torno da estratégia para o edifício, lembrando que o processo já remonta ao tempo de António Magalhães, presidente da Câmara entre 1989 e 2013. A Câmara de Guimarães adquiriu o imóvel à família Jordão em Agosto de 2010, por 2,2 milhões de euros, e incluiu a sua requalificação na candidatura de Guimarães a Capital Europeia da Cultura. A autarquia ponderou instalar a Plataforma das Artes no local, mas acabou por o fazer num novo edifício, construído no espaço do antigo mercado municipal.