Afinal, havia América

Acabou por ser Ted Sarandos a trazer mais novidades, todas vindas dos States. O “caso Cannes” não foi referido, tal como não houve menção aos filmes que o Netflix retirou do festival.

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REUTERS/Mike Blake

Uma das contradições mais curiosas do dia de imprensa See What’s Next: quis-se valorizar o produto europeu, mas havia mais coisas para mostrar vindas da “casa-mãe” americana do que da produção continental. Como a segunda temporada de Glow, a comédia dramática no mundo do wrestling feminino dos anos 1980, com estreia em Junho, e a segunda série de 13 Reasons Why, o fenómeno adolescente que esteve representado pelo seu criador Brian Yorkey e pelos actores Katherine Langford e Dylan Minnette (a data de lançamento continua no segredo dos deuses, mas tudo indica que está para muito breve). Cheo Hodari Coker, o showrunner de Luke Cage, esteve em Roma a antecipar o lançamento (a 22 de Junho) da segunda temporada da série do universo Marvel; com ele esteve Lucy Liu, a actriz de Kill Bill Os Anjos de Charlie, que dirigiu o primeiro episódio da nova série (as imagens que se viram eram, há que dizê-lo, muito Tarantinianas).

Anunciou-se o regresso de Stranger Things, com uma terceira série de episódios à qual se vieram juntar dois ícones dos anos 1980 – os actores Cary Elwes (de Top Gun A Princesa Prometida) e Jake Busey (Starship Troopers), e uma nova série de Cary Fukunaga, realizador de True Detective e do primeiro filme original do Netflix, Beasts of No NationManiac, com Emma Stone e Jonah Hill, adaptada de uma série norueguesa. Fukunaga esteve também envolvido em O Alienista, a adaptação pelo canal TNT do romance premiado de Caleb Carr na Nova Iorque de final do século XIX, da qual o Netflix assegurou os direitos internacionais: foi um dos argumentistas dos dez episódios, com Dakota Fanning, Daniel Brühl e Luke Evans nos papéis principais, que estão já disponíveis para ver.

Acabou por ser Ted Sarandos a trazer mais novidades, todas vindas dos States. O “caso Cannes” não foi referido, tal como não houve menção aos filmes que o Netflix retirou do festival – à excepção de Norway, sobre o massacre de Utøya, dirigido pelo britânico Paul Greengrass. Em contrapartida, Sarandos falou de longas-metragens que aí vêm: Outlaw King, sobre a vitória do rei escocês Robert the Bruce sobre os ingleses, dirigido por David Mackenzie com Chris Pine no papel principal; de The Pope, sobre a relação entre os papas Benedito e Francisco, com Anthony Hopkins e Jonathan Pryce dirigidos pelo brasileiro Fernando Meirelles; e da comédia Murder Mystery, com Jennifer Aniston e Adam Sandler. O que se anunciou também foi uma aposta na animação, com Over the Moon, dirigido pelo veterano da Disney Glen Keane, a nova criação de Matt The Simpsons Groening, Disenchantment, que promete fazer pela Idade Média o que Futurama fez ao futuro, e The Dark Crystal: Age of Resistance, o regresso ao universo fantástico de O Cristal Encantado, com a participação activa dos herdeiros de Jim Henson. Para quem queria apostar na Europa, ficou mais água na boca da produção americana.

O PÚBLICO viajou a convite do Netflix

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