Descritas cinco novas espécies de pseudo-escorpiões em Portugal
Bióloga da Universidade de Aveiro já descobriu, ao longo da última década, 49 espécies.
A bióloga Ana Sofia Reboleira, da Universidade de Aveiro (UA), descobriu cinco novas espécies de pseudo-escorpiões em grutas do Algarve, Alentejo, Penela e Leiria. Os novos pseudo-escorpiões foram anunciados ao mundo na edição de Abril da revista Journal of Arachnology, em colaboração com o investigador Juan Zaragoza, da Universidade de Alicante, em Espanha.
Os pseudo-escorpiões pertencem à classe dos aracnídeos e são popularmente conhecidos como falsos-escorpiões porque, apesar de não terem o ferrão e um longo abdómen, são semelhantes aos escorpiões, explica um comunicado da UA. Ao contrário dos escorpiões, que têm o aguilhão no fim do corpo, com o qual inoculam o veneno, os pseudo-escorpiões são desprovidos dessa estrutura e inoculam o seu veneno nas presas com as pinças.
Estas descobertas aumentam para 49 as novas espécies descritas ao longo da última década pela espeleóloga e investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA, Ana Sofia Reboleira.
Uma das espécies, descoberta em grutas do maciço calcário do Algarve, foi baptizada Occidenchthonius goncalvesi em homenagem a Fernando Gonçalves, professor do Departamento de Biologia da UA.
“Esta nova espécie, que tem cerca de dois milímetros de comprimento, é um organismo troglóbio, que significa que está adaptado à vida nas grutas, é despigmentado e carece de estruturas oculares, uma vez que vive num ambiente onde a obscuridade é total”, descreve a bióloga, adiantando que se trata de um animal que só vive em grutas do maciço calcário do Algarve.
As restantes quatro espécies de pseudo-escorpiões que Ana Sofia Reboleira deu a conhecer à ciência pela primeira vez são: a Occidenchthonius alandroalensis, descoberta numa gruta no Alandroal, no Alentejo; a Occidenchthonius algharbicus, descoberta numa gruta do Cerro da Cabeça, no Algarve; a Occidenchthonius duecensis, encontrada no sistema espeleológico do Dueça, em Penela; e a Occidenchthonius vachoni, no maciço calcário de Sicó, em Leiria.
“As cinco novas espécies pertencem todas ao mesmo género, portanto são muito similares”, diz a investigadora, explicando que a diferença entre elas encontra-se “ao nível do padrão da distribuição das sedas, que são as estruturas sensitivas do organismo e das estruturas reprodutoras, bem como as proporções relativas das diferentes partes corporais e a presença de estruturas especializadas”.