Morreu jornalista que escreveu sobre mercenários russos na Síria
Repórter de investigação cai de 5º andar. Directora do site de notícias onde trabalhava diz que não vê motivo para suicídio.
Um jornalista de investigação russo, Maxim Borodin, morreu depois de ter caído do seu apartamento num quinto andar de um prédio em Ecaterimburgo. No mês passado, tinha escrito sobre a morte de um grupo de russos na Síria, que seriam mercenários ao serviço da empresa Wagner, num confronto com forças apoiadas pelos EUA, a 7 de Fevereiro.
Os vizinhos encontraram-no ferido com gravidade, e acabou por morrer no hospital. As autoridades dizem que não há motivo para suspeitar de crime, pois a porta do seu apartamento estava trancada por dentro. Mas o director do jornal em que trabalhava diz que não há motivos para suspeitar de que Borodin se tivesse suicidado.
Um amigo, Viacheslav Bashkov, disse ter recebido um telefonema de Borodin às 5h00 de 11 de Abril dizendo que havia alguém na sua varanda e pessoas de camuflado e máscaras nas escadas. Mais tarde, ligou-lhe de novo dizendo que afinal tinha era visto seguranças que estavam a fazer uma espécie de exercício.
É uma morte que “causa grande preocupação”, reagiu Harlem Désir, representante para a liberdade dos media da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
A directora do site Novi Den, onde Borodin trabalhava, disse que não conseguia excluir a possibilidade de crime. No mês passado o jornalista tinha escrito sobre a morte de uma centena de russos, identificados como mercenários, na região de Deir Ezzor. Estes foram relacionados com a empresa Wagner, propriedade de Ievgeni Prigozhin, um oligarca russo também acusado pelo procurador especial norte-americano Robert Mueller por promover interferência nas eleições presidenciais de 2016, através de uma outra entidade, a Internet Research Agency. Prigozhin foi entretanto alvo de sanções norte-americanas.
Na Rússia há vários casos de mortes de jornalistas entre 38 assassínios por resolver ou mortes suspeitas desde o início de 2014, segundo as contas do jornal americano USA Today e da jornalista britânica especializada em questões russas Sarah Hurst.