Apoio russo a Assad punido com novas sanções dos EUA

EUA preparam terceiro pacote de sanções económicas à Rússia no período de um mês. Putin prevê “caos” global, em caso de novo ataque ocidental na Síria.

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Nikki Haley anunciou novas sanções à Rússia JASON SZENES / EPA

A administração Trump vai castigar Moscovo com novas sanções económicas, anunciou no domingo a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Nikki R. Haley. A resolução dos Estados Unidos tem como destinatárias as empresas russas que lidam com equipamento que possa estar a ser utilizado para produção de armas químicas na Síria e é justificada por Washington com o apoio russo à utilização daquele tipo de armamento por parte do regime de Bashar al-Assad.

“[As sanções] serão directamente aplicadas a todo o tipo de empresas [russas] que tenham lidado com equipamento relacionado com Assad e com a utilização de armas químicas [na Síria]”, afirmou Haley, em declarações à CBS, explicando que este gesto é uma continuação da “mensagem forte” dos norte-americanos aos russos e sírios, iniciado com o ataque de sábado às instalações onde supostamente o Governo sírio armazena aquelas armas. “Penso que toda a gente sabe que enviámos uma mensagem forte e a nossa esperança é que a tenham ouvido”, acrescentou a representante dos EUA na ONU.

Este será o terceiro pacote de sanções à Rússia, no período de apenas quatro semanas. No mês passado os EUA resolveram punir economicamente um vasto conjunto de empresas e empresários com ligações ao Kremlin pela interferência russa nas eleições norte-americanas de 2016 e pelos ataques cibernéticos contra diversos países ocidentais. E há cerca de dez dias os alvos de nova ronda de sanções, justificada pela Casa Branca com a “actividade maligna em todo o mundo” protagonizada pela Federação Rússia, foram oligarcas muito próximos de Vladimir Putin.

A estas sanções económicas soma-se ainda a expulsão de cerca de 60 diplomatas russos destacados em território norte-americano, na sequência do conflito diplomático desencadeado pelo envenenamento do antigo espião Serguei Skripal no Reino Unido.

O anúncio de Haley surge no meio de uma das maiores crises das últimas décadas entre a Federação Russa e o Ocidente, que desde sábado tem conhecido uma série de episódios críticos. Em resposta ao ataque químico que matou dezenas de pessoas em Douma, nos arredores de Damasco – controlada pelos opositores em Assad –, e que terá sido levado a cabo pelo Exército sírio, norte-americanos, franceses e britânicos dispararam mais de 100 mísseis contra três instalações sírias de armamento químico.

Em conversa com o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, no domingo, Putin reafirmou o apoio russo a Damasco e previu um cenário diplomático insustentável, caso as forças ocidentais liderem novos ataques em território sírio. “Vladimir Putin enfatizou particularmente que se essas acções continuarem, provocarão inevitavelmente um caos nas relações internacionais”, referiu o Kremlin, em comunicado.

Nesta segunda-feira, os EUA, o Reino Unido e França iniciam nova ofensiva diplomática – valendo-se do chumbo da proposta russa no Conselho de Segurança da ONU de condenação da “agressão” dos três países a um “país soberano” –, numa altura em que os inspectores da Organização para a Proibição de Armas Químicas já se encontram na Síria para investigar o ataque em Douma e o arsenal químico do regime de Assad.

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