Para Marcelo, relação entre Portugal e Espanha nunca foi tão próxima

Presidente inicia esta segunda-feira em Madrid uma visita oficial de três dias que ainda o levará a Salamanca. Rei estará quase sempre por perto.

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Marcelo esteve na Batalha e seguiu para Espanha LUSA/TIAGO PETINGA

A primeira visita de Estado do Presidente da República a Espanha é “uma visita de retribuição à visita que suas majestades fizeram a Portugal, no fim de 2016, mas, mais do que isso, corresponde a uma relação de vizinhança, de fraternidade, de amizade” entre dois países mas também entre dois chefes de Estado. “Nestes dois anos de mandato presidencial, será porventura a décima vez que tenho a honra de estar com sua majestade”, disse Marcelo Rebelo de Sousa pouco depois de aterrar em Madrid, este domingo à noite.

Oficialmente, a visita só começa na segunda-feira de manhã, na recepção formal marcada para o Palácio Real, no centro da capital espanhola. Mas o Presidente, que já dera entrevistas ao jornal El País e à televisão pública espanhola, não quis deixar de falar aos jornalistas portugueses assim que chegou ao Palácio Pardo, a sua residência nos próximos dias, numa zona com muita floresta a 15km do centro.

“Em termos bilaterais vivemos talvez uma relação sem igual. Em termos económicos, sociais, culturais”, disse Marcelo, antes de sublinhar o “crescente interesse de Portugal no espaço ibero-americano e de Espanha no espaço lusófono”. Questionado sobre se Portugal não pode ficar a perder neste interesse mútuo face à dimensão de Espanha, Marcelo garantiu que todos ganham e que essa seria uma forma redutora de olhar para a realidade. “O rei não tem ciúmes de Portugal nem Portugal tem ciúmes de Espanha”, assegurou.

O Presidente sublinhou a importância de esta visita se realizar num momento exigente para os dois países em termos de política externa. “No plano político, temos a situação no Médio Oriente, as reformas da União Europeia, os desafios da Aliança Atlântica” enumerou, defendendo que há vantagens para espanhóis e portugueses se apresentarem posições convergentes.

“Posso falar da nossa convergência no que respeita à união bancária e financeira, à política de segurança e de defesa da UE”, afirmou. “A noção que Portugal tem é que Espanha tem, teve e terá um peso muito grande na Europa. Em conjunto, Portugal e Espanha têm um peso relevante da Europa”, defendeu.

Sem querer comentar a grave crise política que Espanha vive desde o ano passado com o processo independentista catalão – “a minha posição é a mesma do Governo, não me pronuncio sobre tudo o que é do domínio do reino de Espanha” –, Marcelo quis deixar claro que não vê que essa questão enfraqueça o país que visita. “Não se minimize o peso espanhol na Europa”.

Defendendo que a saída do Reino Unido da UE “é objectivamente uma vantagem para este peso conjunto de Portugal e Espanha, um universo feito de língua e cultura, do facto de ambos termos feito do mundo a nossa casa, mas também da realidade que nos aproxima” todos os dias. Esta é, aliás, “uma fase muito trabalhosa, com uma política comum muito exigente”, afirmou. “Todos os dias há empresários portugueses a chegar ao universo ibero-americano”.

Entre as pessoas

Recordando a relação entre os dois países antes da democracia, o Presidente lembrou que “era um relacionamento muito próximo, mas de topo, das estruturas do regime”. Agora, com a democracia e a integração europeia, essa relação “acontece entre as pessoas”, no quotidiano, algo que se nota também junto à fronteira “onde nunca houve tanta proximidade do poder local num e noutro país”.

“Em fraternidade e sem complexos nenhuns. Já ultrapassámos o olhar a História. A perspectiva do presente e do futuro é enorme, estamos sempre atrás das solicitações”, afirmou o Presidente, que se prepara para três dias de muitos contactos.

Em Madrid, Marcelo vai encontrar-se com os reis Felipe VI e Letizia, com o chefe do Governo, Mariano Rajoy e com jovens portugueses. Participa num fórum empresarial conjunto e fará pelo menos duas intervenções, uma na Universidade Carlos III, na segunda-feira, outra nas Cortes, numa sessão conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados, no dia seguinte.

Entretanto, visita a exposição Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura, no museu Reina Sofia, onde será acompanhado por Felipe VI. Na quarta-feira, o rei acompanha o Presidente de helicóptero até Salamanca – o que nunca aconteceu com chefes de Estado que visitam outras comunidades autonómicas para além de Madrid. A maior parte desse dia será passado na Universidade de Salamanca, onde actualmente há 250 portugueses a estudar e 12 professores portugueses.

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