Nasty Women Exhibition em Portugal

Arte, para ver e comprar, música e feminismo juntam-se nos Anjos, em Lisboa.

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Al Diaz, street artist que colaborou com Basquiat Santiago Felipe/Getty Images

Chega a Lisboa a segunda edição da Nasty Women Art Exhibition - de 19 de Abril a 5 de Maio, nos Anjos 70, o espaço multicultural no número 70 da Rua Regueirão dos Anjos que grita eclectismo. Tendo presente a salvaguarda dos direitos fundamentais das mulheres, a luta pela igualdade e a garantia de valores como a dignidade e a liberdade de expressão, a curadora desta mostra, Inês Mourão, juntou novamente esforços para nos trazer arte para ver (e comprar). E há um leilão agendado para o último dia do evento.

Expandindo-se e encontrando um lugar em Lisboa, o movimento Nasty Women Portugal prepara-se para "agitar mentes e perspectivas sobre o feminismo", segundo descrição na plataforma que divulga o evento. Tendo lançado uma open call para os artistas que quisessem submeter as suas obras, é agora uma colectiva onde os trabalhos estarão à venda. E é também, na noite de abertura, um conjunto de performances musicais com a presença de Dj's de selo português: Progressivu, Cumbadélica, Sonja, Bunny O’Williams, David Gonçalves, Bill Onair e Caroline Lethô.

O movimento Nasty Women começou como um apelo de duas vozes femininas com base em Nova Iorque (EUA), Roxanne Jackson, ceramista e escultora, e Jessamym Fiore, curadora e escritora. Interpelaram (online) artistas femininas e curadoras a organizar uma exposição colectiva com o lema Nasty Women. Com este rótulo queriam fazer prevalecer a noção de solidariedade entre artistas que se identificavam como chocantes, provocadoras. E tentar contrariar as ameaças aos direitos da mulher.

A resposta foi imensa, construiu-se uma rede de artistas e curadores, o apelo tornou-se um evento artístico de cunho activista, que conta já com mais de 40 exposições de arte organizadas desde 2017. Espalhadas pelos EUA e por outros cantos da Europa. Em Janeiro de 2017, no Knockdown Center em Queens, Nova Iorque, fizeram história por terem vendido todas as obras. O montante adquirido foi doado à Planned Parenthood, associação sem fins lucrativos que fornece cuidados de saúde reprodutiva nos Estados Unidos e em todo o mundo.

Mudam-se os tempos mas não se mudam as vontades, ou melhor, intensificam-se os modos de expressão pelo descontentamento vivido no presente. Em Nasty Women Portugal para além da colectiva resultante da submissão de trabalhos de artistas de vários cantos do globo, junta-se um leilão com duas peças originais que o artista Al Diaz traz consigo debaixo do braço.

Flashback aos anos 70 do século XX: Al Diaz revela-se uma das vozes da 1º geração de street artists em Nova Iorque, onde, com Jean-Michel Basquiat, criou a assinatura SAMO pela via do graffiti. O que agora poderia ser visto como um hashtag, na altura era um tag deixado nas paredes da cidade, sempre com um cunho activista e revolucionário, "uma espécie de veículo para expressar na altura a desilusão e a perda de confiança nos sistemas social e político", segundo Al Diaz explica no vídeo divulgado na plataforma Nasty Women Portugal. O artista junta-se assim ao movimento para "mostrar o seu apoio para com a comunidade feminina e para com todos os indivíduos de alguma forma oprimidos".

 

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