Puigdemont libertado: “É uma vergonha para a Europa ter presos políticos”
Quase duas semanas depois de ter sido detido na Alemanha, o antigo líder catalão saiu da prisão e pediu a libertação imediata dos seus companheiros detidos.
O antigo líder catalão Carles Puigdemont pagou a fiança de 75 mil euros e já saiu da prisão alemã em que se encontrava detido, avança a imprensa espanhola. “É uma vergonha para a Europa ter presos políticos”, disse o antigo líder catalão, à saída da prisão, pedindo a libertação de todos os seus companheiros que se encontram detidos.
“O tempo do diálogo chegou e só temos recebido uma resposta de repressão. É hora de fazer política, não há desculpas”, argumentou, dizendo que a democracia espanhola corre perigo. No seu breve discurso feito esta sexta-feira, Puigdemont começou por agradecer a forma como foi tratado na prisão alemã e o apoio que recebeu “de todo o mundo”.
Um dia antes da sua saída, o Tribunal Supremo do estado alemão de Schleswig-Holstein decidiu não admitir o delito de rebelião contra Puigdemont. Em Espanha, o antigo líder catalão é procurado por “rebelião, sedição e desvio de fundos”.
Os juízes tinham decidido que o catalão poderia sair em liberdade sob fiança, estipulada em 75 mil euros. Puigdemont foi detido na Alemanha a 25 de Março, quando regressava a Bruxelas de carro.
O tribunal do estado federal alemão considerou “inadmissível” a acusação de rebelião por não se cumprir o requisito de “violência, mas aceita o procedimento por desvio que fundos públicos, que a Procuradoria incluía na sua petição”.
Nesta sexta-feira, os procuradores alemães anunciaram que a ordem de libertação imediata de Puigdemont foi dada às 11h14 (menos uma hora em Portugal). O Governo espanhol disse respeitar a decisão judicial do tribunal alemão, segundo informou o porta-voz do Governo, Íñigo Méndez de Vigo.
Já o juiz Pablo Llarena, que mandou prender cinco políticos catalães sem possibilidade de fiança, já anunciou que planeia a possibilidade de recorrer ao Tribunal de Justiça da União Europeia para saber se a decisão alemã está de acordo com a legislação sobre ordens de detenção e de entrega entre Estados-membros.
Anunciada a sua libertação, as autoridades ficaram com a indicação da morada alemã onde Puigdemont estará nos próximos tempos, diz a Associated Press. À porta do centro penitenciário da cidade alemã de Neumünster estão dezenas de pessoas, sobretudo jornalistas (mas também apoiantes catalães com bandeiras), que aguardaram a saída do antigo líder da Catalunha.
“Não há nada de novo que se possa dizer sobre o tema, trata-se de um caso que está nas mãos da Justiça e não afecta as relações entre os dois Governos”, garantiu a vice-porta-voz do executivo alemão, Ulrike Demmer, citada pelo jornal La Vanguardia.