Bombeiros mantêm ameaças perto de fechar acordo

São já certas 120 novas equipas de intervenção permanente e a subida para 50 euros diários do valor pago às equipas que estão disponíveis 24h por dia nas épocas mais críticas dos fogos.

Foto
PAULO PIMENTA

As negociações têm vindo a “progredir” neste último mês e amanhã o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, reúne-se com o secretário de Estado da Protecção Civil e conta fechar a acordo com o Governo. Mesmo assim, a recta final das negociações, que vai implicar o “ok” da Liga à nova directiva que concretiza o funcionamento do dispositivo de combate aos incêndios deste ano, não está isenta de ameaças. “Se não acertarmos tudo, os bombeiros podem recusar-se a integrar o dispositivo. Espero que isso não aconteça”, avisa Marta Soares.

Mas o discurso inflamado não parece ter o vigor de outrora. O presidente da Liga já aceita fazer o balanço das negociações dando conta das conquistas e das derrotas que antevê. Certas, diz, estão já 120 novas equipas de intervenção permanente e a subida para 50 euros diários do valor pago pelo Estado às equipas que estão disponíveis 24h por dia nas épocas mais críticas dos fogos.

O Governo tinha mostrado disponibilidade para aumentar de 46 para 48 euros esse montante diário, mas acabou por ceder à exigência dos bombeiros, evitando assim um braço-de-ferro com a classe.

O ambiente foi amenizado com o facto de esta semana ter sido disponibilizada mais uma tranche de 5,6 milhões de euros para pagar as despesas extraordinárias com os incêndios do ano passado, verba que pretende compensar gastos com alimentação, combustível e reparação de viaturas. “Ainda ficam 2,9 milhões por pagar”, queixa-se Marta Soares, que mesmo assim parece contente com as garantias de novas 120 equipas de intervenção permanente. Compostos por cinco bombeiros cada, estes grupos estão o ano todo nos corpos de bombeiros e asseguram o socorro às populações nas horas em que o voluntariado já não o faz. Respondem não só em caso de incêndio, mas também em situações de inundações, desabamentos, abalroamentos, naufrágios, entre outras.

A Liga chegou a exigir 250 novas equipas, mas acabou por aceitar arrancar com menos de metade até porque os protocolos com o Estado só cobrem 50% das despesas e nem todas as câmaras estão disponíveis para pagar a outra metade, como reconhece Marta Soares. E, das 120, só uma parte, 78, deve avançar em breve. “Dentro de dois meses queremos que estejam praticamente todas em funcionamento”, espera o presidente da Liga. As outras 42 devem ficar para uma segunda fase.

Perdida parece a guerra por uma direcção nacional dos bombeiros "autónoma e independente, com orçamento próprio" e um comando autónomo dos bombeiros, ambos fora da estrutura da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). “O que está em cima da mesa é a alteração orgânica da autoridade”, admite Marta Soares, que reconhece que o acordo com o Governo deve estar fechado esta semana, muito antes de meados de Maio, o prazo que o Governo deu à Liga como limite para fechar a nova estrutura da ANPC.

Para já, a Liga deve conseguir impor um oficial de ligação no Comando Nacional de Operações de Socorro, além de um em cada um dos comandos distritais. “Será um projecto-piloto. Vamos ver como corre”, afirma o presidente da Liga. Marta Soares lamenta que este Governo não tenha “visão estratégica” para perceber a importância do papel dos bombeiros nas missões de socorro, optando por apostar na formação de cerca de 600 militares da GNR. E que esteja a ceder ao “lobby” das florestas. “Eles querem continuar a ter escravos à borla”, lamenta-se. 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários