Quercus pede reforço de fiscalização à pesca de meixão no rio Minho
A procura por esta iguaria é feita ilegalmente um pouco por todo o país, podendo ser vendida entre 400 euros e 1.500 euros o quilograma no mercado negro.
A associação ambientalista Quercus alertou nesta quinta-feira para a necessidade de intensificar a vigilância e fiscalização da pesca do meixão no troço internacional do rio Minho, tendo em conta a quantidade de infracções cometidas para venda no mercado negro.
Em comunicado, a Quercus explica que as infracções duplicaram para cerca de 60 toneladas nos últimos 12 meses ao nível da Europa, razão que considera suficiente para aumentar a vigilância no troço internacional do rio Minho, que continua a ser o único curso de água onde é permitida a pesca legal ao meixão.
No início de ano 2018, a Quercus -- Associação Nacional de Conservação da Natureza lançou uma acção nacional denominada "12 meses/12 iniciativas", com o objectivo de chamar atenção para 12 problemas ambientais que ocorrem em território nacional e que considera ser urgente encontrar soluções.
Depois do olival intensivo em Janeiro no distrito de Portalegre e das podas abusivas no distrito da Guarda em Fevereiro, o problema ambiental em destaque da Quercus situa-se este mês no distrito de Viana do Castelo, com a pesca e comércio ilegal de meixão.
Segundo a associação, a transgressão contínua na pesca ilegal ao meixão deve-se essencialmente ao estatuto de iguaria que esta espécie tem em alguns países asiáticos e à raridade que apresenta nos dias de hoje.
O tráfico, acrescenta, está a um nível tão alto que tem destruído todo o progresso realizado por um projecto de conservação de dez anos, implementado em toda a Europa para restaurar a espécie, comprometendo assim a continuação da mesma.
Após o provável cenário de extinção desta espécie se tornar realidade, a pesca à enguia e ao meixão foi proibida ou fortemente regulamentada na maioria dos cursos de água a nível europeu.
Em Portugal é permitida no troço internacional do rio Minho, considerando a Quercus que é inadmissível cedências a pressões e a interesses do país vizinho, perante uma espécie que se encontra criticamente ameaçada, permitindo a abertura de um mercado legal que é usado para venda do meixão legal, mas também do ilegalmente capturado.
A procura por esta iguaria é feita ilegalmente um pouco por todo o país, podendo ser vendida entre 400 euros e 1.500 euros o quilograma no mercado negro.
Segundo dados das autoridades nacionais, nesta última temporada de pesca (2017/2018), foram efectuadas várias apreensões de material de pesca bem como de exemplares de meixão vivo pescado ilegalmente.
Entre as diversas apreensões, a Quercus destaca uma efectuada pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), através da Alfândega do Aeroporto de Lisboa, onde foram apreendidas 16 malas de porão, com o peso bruto de 317 quilos de meixão em estado vivo.
A Quercus considera que cabe a Portugal também dar mais um passo em frente na luta pela conservação desta espécie criticamente ameaçada, com valor histórico-cultural no país, e mostrar ao resto da Europa que está a fazer de tudo ao seu alcance para que a população da Anguilla anguilla seja restaurada.