Julia Kristeva foi agente dos Serviços Secretos comunistas

De acordo com as informações de uma comissão de investigação do Governo búlgaro, a filósofa terá trabalhado para os serviços secretos no início da década de 70. Kristeva vivia em Paris desde 1965.

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Julia Kristeva a discursar em Assissi, Itália, em 2011 REUTERS/Giampiero Sposito

Julia Kristeva, conhecida linguista e filósofa búlgara, terá sido agente e colaboradora dos serviços secretos búlgaros durante a era comunista. A informação foi obtida por uma comissão de investigação nomeada pelo Governo búlgaro, encarregada de divulgar os nomes de quem colaborou com os Serviços Secretos durante o período comunista.

Kristeva, actualmente com 76 anos e a viver em Paris, terá sido recrutada a 19 de Junho de 1971, escreve o site de jornalismo de investigação Balkan Insight. Assumindo o nome de código “Sabina”, foi colaboradora do departamento dos Serviços Secretos encarregado de monitorizar as áreas das artes e dos meios de comunicação.

A comissão búlgara não divulgou quanto tempo Kristeva trabalhou para os Serviços Secretos, nem se recebeu qualquer pagamento. Certo é que Kristeva já se tinha mudado para Paris nos anos 70. A filósofa tinha chegado em 1965 à capital francesa, com uma bolsa de estudos atribuída pelo Governo gaulês.

Julia Kristeva ainda não se pronunciou sobre o caso, escreve a Reuters.

No seu auge, os Serviços Secretos búlgaros trabalharam em conjunto com o KGB soviético, gerindo uma rede de mais de 100 mil agentes e informadores. Foram dissolvidos em 1989, após o colapso do regime comunista. O acesso aos documentos dos serviços secretos é uma questão prioritária para o Governo búlgaro, que nomeou uma comissão encarregada de os divulgar.

Julia Kristeva nasceu em Sliven, Bulgária, em 1941, e especializou-se em Filologia Francesa na Universidade de Sófia. Chegada a França, tornou-se uma figura conhecida dos círculos literários e intelectuais de Paris. Trabalhou de perto com intelectuais das áreas da Linguística e Semiótica como Jacques Derida, Jacques Lacan e Roland Barthes.

É professora emérita na Universidade Paris Diderot e professora convidada na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. Para além das áreas da psicanálise, semiótica e filosofia, Julia Kristeva também se dedicou às questões culturais e feministas. É autora de mais de 30 livros, como História da Linguagem (ed. Setenta), Black Sun: Depression  and  Melancholy e Time  and  Sense.  

Kristeva foi distinguida com vários prémios e louvores: é comendadora da Legião de Honra e da Ordem de Mérito, ganhou o Prémio Hannah Arendt e o prémio Vaclav Havel.

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