Presidente do Peru demite-se para evitar destituição
Suspeita de envolvimento numa compra de votos para evitar ser afastado pelo Parlamento leva Pablo Kuczynski a abdicar da presidência. Liderança do país está agora a cargo do vice-presidente, Martín Vizcarra.
Pedro Pablo Kuczynski apresentou a demissão do cargo de Presidente do Peru. A decisão do político peruano foi confirmada à Reuters por duas fontes do Governo e surge na véspera de uma votação no Congresso, da qual podia resultar a sua destituição. Kuczynski vai oficializar a sua intenção ainda esta quarta-feira, num discurso à nação.
A demissão do chefe de Estado terá sido motivada pela divulgação de gravações de vídeo e áudio que sugerem que o partido de Kuczynski – Peruanos Pela Mudança – ofereceu contratos de trabalho lucrativos em troca de votos que pudessem evitar o seu impeachment na quinta-feira.
Ainda não é claro que a oposição vá aceitar a carta de demissão. A Força Popular controla o Congresso do Peru e pode avançar à mesma para uma destituição baseada na “indignidade moral” do Presidente
Kuczynski já tinha resistido a uma votação de destituição no Parlamento peruano em Dezembro, por ter sido implicado nas actividades ilícitas da construtora brasileira Odebrecht, no âmbito do escândalo de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato, enquanto exercia o cargo de ministro da Economia.
Nessa votação contou com o apoio de dez deputados da Força Popular. O gesto inesperado da oposição originou acusações de compra de votos, até porque Alberto Fujimori recebeu um indulto presidencial dias depois – o ex-Presidente cumpria uma pena de 25 anos de prisão por ter sido condenado por crimes de abuso de poder e corrupção e por ter autorizado o sequestro e a eliminação de opositores políticos por esquadrões da morte.
A demissão de Kuczynski surge a poucas semanas da realização de uma cimeira de Estados americanos em Lima, que contará com a presença do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com o líder cubano, Raúl Castro.
Horas depois, o Congresso aprovou formalmente a demissão de Kuczynski e confirmou a transferência de poder para o vice-presidente peruano, Martín Vizcarra.